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Caso Douglas: especialista em DNA afirma que AL poderia realizar exame

“Não há informações oficiais de que a amostra enviada tenha sido insuficiente”. Com essa declaração, Flávio Saraiva, delegado do Tigre - Tático Integrado de Grupo de Policiais Especiais espera esclarecer a polêmica que está envolvendo o resultado do exame de DNA que irá revelar se o sangue encontrado no carro de José Carlos Júnior – um dos acusados pelo assassinato do estudante Douglas Vasconcelos - é mesmo o da vítima.

Priscylla Régia

Luiz Antônio: "Já fizemos casos bem mais difíceis"

“Não há informações oficiais de que a amostra enviada tenha sido insuficiente”. Com essa declaração, Flávio Saraiva, delegado do Tigre – Tático Integrado de Grupo de Policiais Especiais espera esclarecer a polêmica que está envolvendo o resultado do exame de DNA que irá revelar se o sangue encontrado no carro de José Carlos Júnior – um dos acusados pelo assassinato do estudante Douglas Vasconcelos – é mesmo o da vítima.

O exame está sendo realizado no Laboratório Forense da Paraíba e, segundo informações oficiais, ainda não tem data para ser concluído. Outra polêmica levantada no caso diz respeito à escolha de um laboratório de outro Estado para realizar o exame, uma vez que o Laboratório de DNA Forense da Universidade Federal de Alagoas é referência no assunto.

Ouvido pelo Alagoas24horas, o professor Luiz Antônio Ferreira, especialista em DNA Forense, professor de Genética Molecular da Ufal e coordenador do laboratório, diz não entender o motivo pelo qual a amostra foi enviada para outro Estado.

“O Laboratório de DNA Forense da Ufal é equivalente aos melhores do mundo em termos de tecnologia, recursos humanos e estrutura. Essa amostra foi enviada para outro estado, para ser examinada por peritos que eu ensinei, por gente formada por mim, enquanto que, aqui, estamos sempre à disposição”, afirma, acrescentando que o laboratório já realizou exames muito mais complicados.

Nos últimos três ou quatro anos, mais de 70 casos foram solucionados com o auxílio do exame de DNA feito pelo Laboratório da Ufal, principalmente casos polêmicos, como o do professor Paulo Bandeira (junho de 2003) e o de Macléia (fevereiro de 2005).

Caso Douglas

Com relação à demora no resultado do exame que investiga a origem da mancha no carro de José Carlos Júnior, o coordenador diz: “Pela minha experiência, o exame de DNA em uma amostra como a que foi coletada no carro do Júnior é feito em três dias. Se o DNA nuclear, que é o principal, estiver em pouca quantidade ou degradado, parte-se para o DNA mitocondrial, que não tem a mesma capacidade de identificar do primeiro. Se essa outra análise for necessária, leva-se em média uma semana para fazê-la”, afirma.

Luiz Antônio acrescenta que o tempo pode ser maior dependendo das condições de trabalho do laboratório que esteja realizando o exame, da disponibilidade de pessoal, de material e outros fatores.

“Cada caso é um caso. Temos que avaliar a quantidade e a qualidade do DNA. Se a célula estiver misturada a substâncias contaminantes, como ferro, tinta, isso pode prejudicar a análise. O DNA também pode se degradar ao sofrer ação biológica ou física, como fungos e bactérias”, explica, acrescentando que, em algumas situações, a amostra coletada pode ser insuficiente ou inadequada para a realização do exame.

“Normalmente, agentes como lavagem e limpeza com sabão líquido não degradam o DNA, mas podem remover parte dele. Mesmo assim, é grande a possibilidade de terem restado algumas células, a não ser que a limpeza tenha sido muito bem feita, com produtos mais fortes”, salienta.

Convênio

O Laboratório de DNA Forense da Ufal possui um convênio com o Estado do Mato Grosso e realiza todos os exames de DNA na área criminal daquele Estado. O laboratório da Ufal também já prestou serviços a outros estados, como Sergipe, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, possui convênio com o Tribunal de Justiça de Alagoas e presta serviços ainda a Polícia Federal.