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Alagoas terá primeiro banco de DNA de pessoas desaparecidas do Brasil

Há mais de 50 anos, quando cientistas ingleses descobriram a estrutura do DNA, talvez não imaginassem que tal descoberta seria o início de uma nova era na área da genética. Para muito além dos testes de paternidade, o exame de DNA hoje é instrumento imprescindível para solucionar boa parte das investigações criminais em todo o mundo.

Priscylla Régia

Professor Luiz Antônio, coordenador do laboratório e do projeto do banco de dados

Há mais de 50 anos, quando cientistas ingleses descobriram a estrutura do DNA, talvez não imaginassem que tal descoberta seria o início de uma nova era na área da genética. Para muito além dos testes de paternidade, o exame de DNA hoje é instrumento imprescindível para solucionar boa parte das investigações criminais em todo o mundo.

Além de ajudar na elucidação de assassinatos e estupros, o exame é um aliado a mais na luta das famílias que procuram por entes desaparecidos. Para ajudar nessa busca, há quase dez anos o Laboratório de DNA Forense da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) trabalha na produção do primeiro Banco de Dados de DNA de Pessoas Desaparecidas do Brasil, que deve estar on-line até o final de novembro deste ano.

O professor Luiz Antônio Ferreira, coordenador do laboratório e especialista em DNA Forense, explica que o banco irá funcionar comparando dados cadastrais de familiares de desaparecidos de todo o País, começando por Alagoas, e poderá ser acessado por qualquer pessoa.

A família que tiver um ente desaparecido se cadastra gratuitamente no laboratório e fornece fotografias e os dados da pessoa procurada, como características físicas e sinais particulares. “A partir daí, colhemos amostras de DNA com a família e enviamos todas essas informações para o banco de dados”, diz o professor.

Na prática, o especialista fala que o banco ajudará na descoberta de pessoas desaparecidas vivas ou mortas. “Será possível comparar o exame de DNA de um corpo sem identificação, por exemplo, com os que existem no banco de dados. Com o tempo, vamos conseguir cruzar o DNA de desaparecidos com o DNA dos corpos que forem encontrados. Todas essas informações podem ser cruzadas em todo o mundo, o que ajudaria também a combater crimes como tráfico humano e seqüestro de crianças”, explica.

Busca avançada

O banco de dados contará com um sistema de pesquisa selecionada, onde o usuário pode descrever características como idade e cor da pele da pessoa procurada. A idéia é manter atualizadas também estatísticas de pessoas desaparecidas em Alagoas, por município, em outros estados e até em outros países.

Outra inovação do banco será seu sistema avançado de cálculo de DNA. “O sistema irá calcular com maior precisão as probabilidades e poderá até comparar DNA em caso de grandes acidentes. Trata-se de uma estrutura de software inédita no país”, frisa Luiz Antônio.

“O banco de dados será mantido inicialmente com recursos do próprio laboratório. Mais adiante, no entanto, certamente precisaremos de uma maior estrutura, de mais apoio para que o banco alcance as dimensões que ele tem capacidade”, finaliza, deixando no ar a oportunidade para quem quiser colaborar com o projeto.