Jefferson Péres afirma que depoimento de ex-proprietário de jornal foi produtivo. Ele confirma que apresentará relatório nesta quarta-feira (14).
relator da representação número três, impetrada pelo Democratas e pelo PSDB, contra Renan Calheiros (PMDB-AL), senador Jefferson Péres (PDT-AM), disse nesta terça-feira (13) que há indícios de quebra de decoro de Renan, mas não quis antecipar se tais suspeitas são suficientes para que ele peça a cassação do parlamentar. “Que há indícios, isso é indiscutível. Agora, tenho que ver se são fortes ou fracos. O depoimento [desta terça-feira] foi produtivo. Agora, só falta a conclusão”, disse Péres.
O relator informou que o depoimento mais importante foi de Nazário Pimentel, ex-proprietário de O Jornal, veículo de comunicação de Alagoas, de propriedade de João Lyra e que teria sido comprado, segundo a denúncia, em sociedade com Renan. “Foi esclarecedor. Vai me ajudar na conclusão do relatório. Ele confirmou que o Renan intermediou o negócio junto com Tito Uchoa, mas não que era sócio. Amanhã [terça] vocês saberão como será o meu parecer”, afirmou o relator.
Pimentel argumenta que vendeu a sua parte no jornal, em 1999, para o usineiro João Lyra, que acusa Renan Calheiros de ter parte na sociedade.
Para o relator, no entanto, os outros dois depoimentos do dia não foram produtivos como o de Nazário Pimentel. Prestaram depoimento o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), e o Sérgio Luiz Ferreira, que era funcionário de O Jornal enquanto Pimentel comandava a empresa.
No depoimento, de acordo com o advogado de Renan, José Fragoso Cavalcanti, Ferreira afirmou que nunca ouviu nada acerca da participação de Renan em sociedade com João Lyra em emissoras de rádio e em O Jornal.
Ainda atacou José Amilton dos Santos, que prestou depoimento em que acusa Renan de manter a sociedade com Lyra. Ferreira disse que o objetivo do acusador seria de garantir o emprego no jornal do usineiro.
O governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), disse que desconhece qualquer sociedade entre Renan Calheiros (PMDB-AL) e o usineiro João Lyra à aquisição de emissoras de rádio e de um jornal em Alagoas.
“Tomei conhecimento [da suposta sociedade] após a denúncia ao Conselho de Ética. Tem um diz que me disse em Alagoas, depois da denúncia. Mas o João Lyra odeia o Renan. Ele [Lyra] tem uma índole inidônea, pela própria história de vida, sem escrúpulos”, disse o governador ao relator do caso, senador Jefferson Péres (PDT-AM).
O julgamento do caso no plenário, de acordo com o presidente interno do Senado, Tião Viana (PT-AC), deve acontecer no próximo dia 22.
O governador disse que não se sente constrangido por defender Renan, mesmo sendo o PSDB, partido autor da representação. “Me sinto no direito de vir jogar flores na Geni”, ironiza.
O presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha, desconversou sobre a garantia de que o relatório de Péres será lido nesta quarta, como diz o relator, e confirmou o próprio Quintanilha na semana passada. “É muito provável [que seja nesta quarta], mas ainda preciso ver alguns detalhes. Mais tarde vou saber disso”, disse.