Categorias: Mundo

França desperta com os transportes paralisados

Apenas 90 dos 700 Trens de Alta Velocidade estão funcionando. Trânsito chegou a 300 quilômetros na região da capital francesa.

Reuters

Antes e depois: estação Gare du Nord, em Paris, mostra o movimento de passageiros antes (acima) e durante a greve (depois)

Pela segunda vez em menos de um mês, a França despertou nesta quarta-feira (14) com uma importante paralisação nos transportes públicos, no primeiro dia de greve dos trabalhadores ferroviários e metroviários que protestam contra a refoma dos regimes especiais de aposentadoria.

Os sindicatos franceses esperam renovar e, inclusive, superar, o êxito do primeiro dia de greve, em 18 de outubro, que conseguiu uma obediência recorde contra esta medida do programa do presidente Nicolas Sarkozy.

Esta greve foi decidida para protestar contra a reforma do sistema de aposentadorias especiais, que prevê o aumento de 37,5 para 40 anos da duração da contribuição para receber aposentadoria integral. Cerca de 500.000 pessoas se beneficiam deste sistema de aposentadorias especiais.

O movimento começou na noite de terça-feira, às 20h locais, e deve prosseguir até a próxima semana. O tráfego era quase nenhum no metrô parisiense e se registrava fortes perturbações ferroviárias.

Os engarrafamentos se arrastaram por mais de 300 quilômetros nas principais vias de acesso.

Segundo as previsões de tráfego da estatal ferroviária francesa SNCF, apenas 90 dos 700 Trens de Alta Velocidade (TGV, siglas em francês) devem funcionar quarta-feira na rede nacional, e pouquíssimos trens nas regiões, subúrbios e região parisiense.

O tráfego ainda será "muito perturbado" quinta-feira e "muito provavelmente também no fim de semana", alertou a SNCF, que previu um "serviço normal" quarta-feira para os trens europeus Eurostar e Thalys.

Sarkozy, eleito há seis meses, reiterou diversas vezes que não cederá e que irá "até o fim". "Nada vai me desviar do meu objetivo", reafirmou nesta terça-feira o presidente francês diante dos membros do Parlamento Europeu, em Estrasburgo (leste da França).

Os sindicatos, por sua vez, querem obrigar o governo a abrir novas negociações. Uma reunião estava prevista para a noite desta terça-feira, pouco antes do início da greve, entre os representantes da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) – sindicato majoritário nos transportes – e o ministro francês do Trabalho, Xavier Bertrand.

Um protesto sindical está previsto para esta quarta-feira em Paris.

Criticado de forma virulenta pela oposição socialista, o chefe de Estado conta com o apoio da maioria da população. De acordo com uma pesquisa publicada nesta terça-feira pelo jornal de esquerda Libération, 59% dos franceses apóiam a reforma proposta por Sarkozy.

Entretanto, segundo o mesmo estudo, a ação do presidente da França no âmbito da recuperação do poder aquisitivo – o tema que mais preocupa os franceses – foi reprovada por 79% da população.