Esta é a vigésima edição da Romaria da Terra.
Nos próximos dias 24 e 25, aproximadamente dez mil pessoas irão subir a Serra da Barriga, em União dos Palmares, durante a vigésima edição da Romaria da Terra. Segundo o Arcebispo de Maceió, Dom Antônio Muniz Fernandes, a volta ao berço da primeira Romaria, visa abastecer a espiritualidade e fortalecer o compromisso da Igreja com os empobrecidos do campo.
A concentração, no dia 24, acontece a partir das 17h, na Praça Brasiliano Sarmento, próximo à Igreja Matriz da cidade. Durante a acolhida dos Romeiros serão realizadas diversas atividades culturais no sentido de valorizar a cultura afro, dentre elas, capoeira, coco de roda e show com artista local. Logo em seguida, Dom Antônio Muniz irá presidir a celebração da Santa Missa. Aproximadamente, 20 padres devem participar da solenidade.
Após o ato religioso, os romeiros dão início à caminhada, num percurso de 9 km, rumo ao topo da serra da Barriga, com cantos, rezas e reflexões sobre a realidade camponesa. A Comissão Pastoral da Terra estima a participação de pessoas, vindas do Agreste, do Sertão, da Zona da Mata e do litoral alagoanos.
Haverá também a participação de uma delegação italiana composta por oito pessoas, membros da Associação Amici de Joaquim Gomes.
Para o coordenador estadual da CPT, Carlos Lima, o tema escolhido para este ano, “20 anos de Caminhada – da Conquista da Serra à Luta pela Terra”, fundamenta o ato de luta e fé. “Este ano celebraremos a luta do povo hebreu pela terra prometida, a memória dos negros quilombolas e as lutas dos homens e mulheres do campo em defesa da reforma agrária”, destacou.
A Romaria da Terra é uma realização da CPT, com o apoio das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s) e da Arquidiocese de Maceió.
A Comissão Pastoral da Terra realizou a primeira Romaria da Terra em 1988, na Serra da Barriga, no município de União dos Palmares, com o tema “Resistência traz esperança”, iniciando, assim, uma seqüência de caminhadas na mística religiosa que justifica o ato.
Durante 12 anos, a romaria aconteceu somente na Serra da Barriga, até que a CPT resolveu descentralizá-la para lugares que necessitavam da mística e da mobilização que desencadeiam o ato. Desde então, o evento vem sendo realizado em locais que precisam de motivação, visando levar à frente, de forma pacífica, a luta da reforma agrária no País.
“Conquistar a Terra, multiplicar o pão” e “Derrubando cercas, produzindo vidas” foram outros temas utilizados na romaria como forma de disseminar a defesa por uma vida digna no campo. O padre Alex, que já participou de sete das Romarias, diz que o evento é um dos momentos mais importantes da Pastoral da Terra. “Além de ser um momento de agradecer a Deus pelas conquistas, é também uma oportunidade de anúncio e denúncia”, explica.