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Testemunha chave do caso Cícero Belém nega ter acusado Davino

Alagoas 24 Horas teve acesso à declaração de Dalva Carolina.

Sionelly Leite/Alagoas24horas

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A testemunha considerada chave do caso Cícero Belém, Dalva Carolina Vieira da Rocha Peixoto, que foi a única sobrevivente da chacina que vitimou o pistoleiro, no dia 1º de novembro de 2005, falou pela primeira vez sobre o caso que levou para a prisão o ex-secretário de Defesa Social e delegado Robervaldo Davino. Dalva Carolina disse – por e-mail – que em momento algum acusa Davino de ter matado Cícero Belém.

A prisão de Davino pode ter sido decretada – conforme informações de bastidores – com base no depoimento da testemunha chave do crime. Davino é acusado de ter dado ‘apoio logístico’ no assassinato de Cícero Belém, que por sua vez era investigado por integrar um grupo de extermínio no Estado de Alagoas.

A prisão do ex-secretário foi decretada pelos juízes da 17ª Vara Criminal, com base em investigações do Ministério Público, já que Dalva Carolina depôs aos promotores, antes de sair do país. Atualmente, ela reside na Europa, onde constituiu família, conforme seu advogado, Fernando Falcão.

O depoimento de Dalva Carolina é sigiloso. Porém, especula-se que ela teria acusado Davino de ter mandado matar Belém. Fernando Falcão entregou – na manhã de hoje – com exclusividade ao Alagoas 24 Horas, uma cópia do e-mail em que Dalva Carolina nega que tenha acusado o ex-secretário. “Em nenhum momento citei como autor do crime e que se algo em meu depoimento foi mal interpretado, foi simplesmente pelo momento de desespero e idéias confusas”, coloca a testemunha chave, que escapou do homicídio.

Fernando Falcão diz ainda que o único momento em que a cliente dele se refere a Davino – durante o depoimento – é quando ela relata um encontro entre Cícero Belém, Robervaldo Davino e o deputado federal – na época estadual – Francisco Tenório. No encontro, Belém teria revelado ao delegado um plano para matar o então prefeito de São Sebastião, Siloé Moura. “Ela resolveu falar com a imprensa por um senso de justiça, diante da especulação de que a prisão de Davino teria sido em decorrência de seu depoimento”, disse o advogado.

“Ela não disse nada disto em seu depoimento”, garantiu ainda o advogado, que teve acesso ao documento do Ministério Público. De acordo com o advogado, houve uma interpretação equivocada do depoimento. Fernando Falcão avalia as declarações de Dalva Carolina – quando ela esteve no Ministério Público – como contundentes e diz ainda que há autoridades que são citadas, mas que não pode revelar nomes por conta do segredo de Justiça.

Dalva Carolina não é investigada. Ela é tida apenas como testemunha visual e sobrevivente do crime. Em e-mail, ela nega ainda que tenha saído do Brasil por conta de possíveis ameaças. “Não me ausentei do país por nenhuma declaração acusativa ao senhor citado (Robervaldo Davino). Minha ausência dá-se pelo fato de ter constituído família aqui e que não tenho pretensão alguma de retornar ao Brasil”, frisou.

“Também gostaria de evidenciar que em nenhum momento estive a par dos negócios e trabalhos de Cícero Belém, por própria precaução dele. Ele sempre evitou e nunca me deixou saber de nada. Nunca conheci amigos dele. Duas ou três vezes o vi conversar com Cícero Pitu (que também foi assassinado e o crime pode ter sido queima de arquivo) e nada mais”, coloca Dalva Carolina.

Dalva Carolina descreve ainda o que ocorreu no dia do crime: “Ao que se trata do dia do assassinato fui bem clara ao falar que em momento nenhum vi os autores do crime. Foi tudo muito rápido e volto a reafirmar que achei que eram pedras no vidro. Não passou pela minha cabeça que seriam tiros. Só me dei conta depois”, finalizou.