O País vive mais uma crise gerada pelas denúncias de corrupção, fruto da relação incestuosa entre o Executivo e o Judiciário.
O País vive mais uma crise gerada pelas denúncias de corrupção, fruto da relação incestuosa entre o Executivo e o Judiciário. De ordinário, não seria de estranhar se por trás da vitrine não estivesse o Partido dos Trabalhadores (PT) – logo ele, que abrigou os guardiões da moralidade pública; que denunciou todos os governos; que se apresentava como a verdade e a luz; que era a própria salvação nacional.
Desde o início do governo Lula, viu-se que a gestão do ministro da Casa Civil, José Dirceu, não iria acabar bem; a arrogância e o centralismo de Dirceu iriam complicar a relação do parlamento com o presidente da República – e foi isso o que se deu. Dirceu se envolveu demais com os bastidores e a sua influência no PT o transformou na última voz a ser ouvida; nada se aprovou ou se reprovou no PT – e depois no governo – sem que José Dirceu tivesse sido consultado – era dele a palavra final, o martelo.
Na apuração do misterioso assassinato do prefeito de Santo André-SP, Celso Daniel, o nome de Dirceu surgiu na condição de destinatário final das verbas desviadas do município paulista. Quem iria detonar o esquema era o Severo, o assaltante de bancos, preso por acaso em Maceió, mas a testemunha-chave foi assassinada dentro da cadeia, em São Paulo.
Veio em seguida o esquema dos bingos e o ex-ministro foi envolvido por sua estreita ligação com Valdomiro, vizinho de sala no Palácio do Planalto; e quando estourou o escândalo dos Correios, todos já imaginavam o envolvimento de Dirceu – nada se faz no governo sem o conhecimento dele, principalmente licitações.
Para a sociedade que acreditou nos arroubos petistas; que cerrou fileiras em torno do Lula e que se embalou pelas mudanças prometidas, fica a frustração por saber que o PT é igual – a diferença que se imaginava era ilusão de ótica. E não se trata de discutir os métodos de cooptação – esses todos nós sabemos como se processam; trata-se, sim, de debater o que interessa ao País e o que é melhor para a sociedade.
Com certeza, não interessa ao País um governo tão vulnerável a escândalos; nem à sociedade um partido que age sorrateiro, sob o lema de que o fim justifica os meios.