Parte do acervo recém-descoberto sobre a flora alagoana remanescente de mata atlântica estará disponível para consulta mundial. Em junho de 2006, quando os botânicos do IMA concluírem os estudos do projeto ‘Cheklist’, pesquisadores de instituições internacionais e de outras regiões do Brasil terão acesso às informações reunidas em quatro novas coleções científicas produzidas pelo Herbário MAC de Alagoas.
As plantas coletadas durante as pesquisas para o ‘Cheklist’ representam um levantamento florístico com 261 espécies distribuídas em 47 famílias, onde se destacam as Rubiaceae, Melastomataceae, e Euphorbiaceae encontradas em maior número nas reservas estudadas.
“Este projeto nos permitirá uma dimensão do conjunto florístico formado pelas áreas que recobrem a região do Cristalino alagoano”, aposta a coordenadora técnica do ‘Cheklist’, Rosângela Lyra Lemos.
Novas descobertas
Dentre as espécies encontradas pelos pesquisadores do IMA durante o mapeamento florístico destacam-se visgueiros, sucupiras, jacarandás, sapucaias, ingás e ipês, espécies pioneiras no processo de condicionamento do solo para o recebimento de sementes de outras plantas mais exigentes.
“Estas espécies contribuem para uma maior diversidade florística e conseqüente variabilidade de alimento que garanta a sobrevivência da fauna local”, explica a botânica.
Nas matas estudadas, as plantas arbóreas e arbustivas apresentaram maior número de espécies identificadas, perfazendo 59,5 % em relação ao total identificado. As trepadeiras e epífitas totalizaram 20,4%, enquanto as herbáceas 20,1%.
Além de detectar a existência de inúmeras espécies também ocorrentes em outras áreas de mata do Estado, a pesquisa resultou no reencontro com espécies que os botânicos julgavam extintas em Alagoas, como o Garabu ou Pau-Roxo.
“Na realidade apenas três plantas foram localizadas e ainda não floresceram. Não sabemos se os exemplares encontrados formam uma população produtiva”, anunciou a botânica, alertando para o risco do processo de dispersão das sementes ter sido interrompido em decorrência da fragmentação dos ‘habitats’ naturais no passado, o que potencializa os riscos de extinção definitiva das espécies.
“É possível que outras espécies sejam também reconhecidas nesta condição durante a realização desta pesquisa”, acrescentou.