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Caminho dos desbravadores

Até meados do século XVII, integrou as sesmarias de Paulo Afonso (BA), sendo elevado de vila à cidade, no ano de 1919.

Edgar Dantas

Baronesa Joana Vieira Sandes

Segundo ponto mais alto de Alagoas, situada entre 550 a 750 metros acima do nível do mar, a cidade de Água Branca foi assim denominada numa alusão às fontes de águas cristalinas que existiam em suas serras. O município, que faz fronteiras com Delmiro Gouveia, Olho D’Água do Casado, Mata Grande, Inhapi, Pariconha, e Taracatu, em Pernambuco, até meados do século XVII, integrou as sesmarias de Paulo Afonso (BA), sendo elevado de vila à cidade, no ano de 1919.

Documentos raros deste período como o Livro do Tombo, de 1864, reúnem na sede do Arquivo Paroquial, fragmentos históricos, escritos em dezenas de volumes catalogados há 141 anos. Acontecimentos pitorescos, outros inusitados que refletem o processo de urbanização do antigo povoado.

Nos dias atuais, a roda do engenho e a rapadura, símbolos da economia sertaneja, a feira livre das segundas, os sanfoneiros e as conversas na praça são ícones que a cidade faz questão de preservar. O contraste entre passado e presente acentua a beleza da região, envolta por cortinas de neblina e paisagens bucólicas das serras e vales, com temperaturas que variam de 24 a 32 graus, com média de 16 graus, atingindo nos invernos mais rigorosos 12 graus.

Apostando nos caminhos do turismo rural e ecológico, o município oferece roteiros simples e inesquecíveis, com trilhas que passam por cachoeiras e quedas d’água, casarões, onde são servidos cafés com iguarias da terra, frutas e mel. O resgate dos engenhos de açúcar, projeto conduzido pela Prefeitura do município, a partir do modelo de gestão cooperativada, pretende reativar a produção de cachaça, rapadura, açúcar mascavo, mel de engenho e alfenim.

O artesanato da palha do Ouricuri confeccionado por negros que habitam a Serra das Viúvas é outro atrativo da região, assim como a renda ‘Singeleza’, bordado praticamente esquecido em todo país. A cidade rica em tradições artísticas e folclóricas reserva outras surpresas a seus visitantes.

Água Branca é um dos poucos lugares no Brasil onde se celebra a Dança do São Gonçalo, herança cultural espanhola. O circuito da fé mobiliza festas, como a de Santa Joana, em 29 de maio e da padroeira, Nossa Senhora da Conceição, comemorada com procissão nos meses de novembro e dezembro.