Seguindo por roteiros íngremes a recompensa de descobrir paisagens inesquecíveis.
Aventurar-se por roteiros íngremes, conhecer sítios paleontológicos, onde fósseis afloram da terra, e descobrir as riquezas de um artesanato que só existe em um lugar do Brasil. Assim é desvendar a Ilha do Ferro, paraíso perdido na imensidão azul do São Francisco, onde as dificuldades de acesso reforçam os encantos de uma aventura inesquecível.
Desde a vegetação semi-árida à beleza do artesanato, aos sabores da culinária e à calmaria do povoado, o roteiro seduz e fascina. Entretanto, para o turista disposto a desbravar o sertão de Alagoas conhecendo destinos como a Ilha do Ferro é necessário antes de tudo um certo espírito de aventura.
O povoado está localizado a 18 quilômetros do município de Pão de Açúcar, onde as atrações vão da culinária ao artesanato. Em alguns bares ribeirinhos, com um pouco de sorte, é possível encontrar em abundância o “pitu”, especialidade do cardápio da região à base de peixes e outras delícias.
A cidade ribeirinha de Pão de Açúcar, que exibe como cartão-postal uma réplica em menores proporções da imagem do Cristo Redentor, também possui uma biblioteca com rico acervo em paleontologia. O município, assim como o vizinho São José da Tapera, abriga relíquias arqueológicas, pedras gigantescas, que no passado serviram de esconderijo para Lampião e seu bando, e fragmentos que caracterizam a arte pré-histórica.
Para chegar à ilha só existem dois caminhos. De barco, onde o acesso a outros pontos do povoado é limitado pelas dificuldades naturais e geográficas, ou de carro, por trilhas que reservam muitas surpresas. Em alguns pontos, pedras contendo pinturas rupestres revelam paisagens surpreendentes.
As trilhas, que permitem o acesso ao povoado, contrastam a beleza da caatinga com o visual paradisíaco do São Francisco. A região também preserva sítios paleontológicos, com rico acervo natural, que protegem importantes materiais arqueológicos e líticos, naturalmente expostos em propriedades locais.
Povoada por pouco mais de 200 famílias, a Ilha do Ferro tem no artesanato sua principal atividade econômica. O bordado Boa Noite, uma tradição aprendida com os colonizadores, e praticamente extinta em todo país, movimenta a economia local.
Trabalho exclusivo das mulheres do povoado, a renda ganhou projeção internacional e conta com o apoio de programas como o Pré-arte, do Sebrae, responsável pela comercialização dos produtos confeccionados pelas rendeiras da ilha, em vários destinos do Brasil e do mundo.
Mais do que se encantar com a visão das mulheres rendeiras bordando as margens do São Francisco, o visitante disposto a desvendar a Ilha do Ferro encontrará outros inúmeros atrativos. O artesanato local, rico em esculturas em madeira, revela preferências do mundo masculino. Uma delas é a construção de objetos que incorporam formas naturais de raízes da matéria-prima e pássaros da região.
A construção de barcos em miniaturas é outra tendência do artesanato local, que reflete um dos hábitos da ilha. Por toda parte, é possível sentir o perfume da madeira sendo esculpida por mãos talentosas, em ateliês de fundo de quintal ou nas margens do rio, onde pescadores improvisam estaleiros ao ar livre.