O Movimento Sem Terra (MST) foi o grupo com maior participação no manifesto contra a corrupção em Goiânia. Das quase 20 mil pessoas presentes, segundo dados da Polícia Militar, aproximadamente metade era de integrantes do movimento. O grupo disputou seu espaço no auditório onde acontecia a palestra "Reforma Agrária e a luta contra o Latifúndio", tema integrante de um dos debates do 49º Congresso da UNE.
O representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Agricultura no estado de Goiás, Wilson Hermuth, falou sobre o assunto. Ele disse que o agronegócio esta iniciando um processo de falência por falta de recursos financeiros. "O governo federal paga cerca de R$ 1 bilhão em juros para os Bancos por ano, dinheiro que os agricultores poderiam utilizar no plantio e na colheita", disse. Segundo ele, a reforma agrária é a forma mais viável para a inclusão social "por meio do emprego agrário".
Já o Cônsul da Venezuela no Brasil, Jorge Luís Duran, lembrou que a reforma agrária é uma necessidade de todos os países da América Latina. Ele ressaltou, também, que todos têm problemas culturais, políticos e econômicos semelhantes porque "não há uma política de integração regional".
Duran contou que esse é o motivo pelo qual a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) "representa uma ameaça à soberania das nações, especialmente à Venezuela, ao Brasil e à Argentina. "Esta ameaça é iminente principalmente na região amazônica", afirmou.
O ministro interino do ministério do Meio Ambiente Cláudio Langone também concordou com Duran. No entanto, ele ressaltou que existem duas visões equivocadas sobre a Amazônia: a romântica – que acha que a floresta é intocável – e a capitalista – que explora tudo o que a região possa oferecer. "Cria-se um mito em torno dessa questão, como se a Amazônia não fosse problema nosso. Grande parte dos problemas da Amazônia é causada pelos próprios brasileiros", analisou.