Comunicadores, jornalistas e voluntários que atuam em meios de comunicação voltados para o público negro criaram um grupo próprio dentro da 1ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, realizada esta semana em Brasília, para debater a participação dos negros na mídia nacional.
Comunicadores, jornalistas e voluntários que atuam em meios de comunicação voltados para o público negro criaram um grupo próprio dentro da 1ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, realizada esta semana em Brasília, para debater a participação dos negros na mídia nacional. A moção encaminhada pela mídia alternativa afro-descendente, relatando a questão do racismo na mídia, será discutida hoje na plenária da Conferência.
De acordo com o articulista da Federação das Associações de Imprensa do Brasil, Heitor Reis, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) decidiu trabalhar com uma mídia alternativa, mais afro-brasileira. "A pequena mídia é interessante para o movimento negro. O pessoal decidiu não trabalhar com os demais grupos que estavam programados e criar um grupo próprio para poder fazer uma análise", disse.
Heitor Reis, que também é voluntário da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária, disse que existe uma hegemonia de negros nas rádios comunitárias porque a maioria delas está concentrada nas periferias. "Nós sugerimos uma moção de repúdio relatando que há uma perseguição nas rádios comunitárias. Essa perseguição é uma discriminação contra o afro-brasileiro, porque ele é quem participa hegemonicamente", afirmou.
"É importante que a gente tenha consciência de que no processo de desconstrução do edifício racista, a mídia, os meios de comunicação de massa, as novas tecnologias, como a internet, têm um papel fundamental", avalia o jornalista Dojival Vieira, da Agência Afroétnica de Notícias (Afropress).
Segundo Dojival, a Afropress é um projeto da ONG ABC sem Racismo, de São Paulo, que pretende constituir-se em um espaço de acesso à informação, reflexão e debate sobre a questão étnica e racial no Brasil e no mundo. "Nós partimos da idéia de que o racismo é um problema não apenas da população negra, é um problema da sociedade brasileira. A mídia é racista por essência. A existência do racismo na sociedade se reflete em todas instituições", disse.