As rodovias estaduais e federais ainda hoje são o grande vetor do desmatamento no sul do Amazonas – embora haja ramais clandestinos na floresta, eles partem de estradas oficiais.
Amazônia – As rodovias estaduais e federais ainda hoje são o grande vetor do desmatamento no sul do Amazonas – embora haja ramais clandestinos na floresta, eles partem de estradas oficiais. A afirmação é do estudo Reflexos e Tendências do Desmatamento no sul do Amazonas, realizado pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) em Manaus.
A partir do levantamento do desmatamento nos doze municípios do sul do estado, realizado pela Divisão de Análise Ambiental (Damb), vinte profissionais multidisciplinares trabalharam durante três meses com cruzamento de dados para elaborar um cenário dos diversos fatores que influenciam a destruição da natureza. Os dados da pesquisa inédita foram repassados com exclusividade a Radiobras.
O sul do Amazonas foi dividido em três grandes regiões: Oeste (Guajará, Ipixuna, Eirunepé, Envira e Pauini), Central (Boca do Acre, Lábrea e Canutama) e Leste (Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã e Apuí). "A região mais preservada é a Oeste, que tem menos estradas. Mas nela está Guajará, o município que apresenta um alto índice de desmatamento relativo. Se você for observar com cuidado, descubrirá que ele sofre influência da BR-317", diz Luiz Renato Freitas, coordenador no Sipam.
Guajará é o munícipio do sul do Amazonas que possui o maior percentual de desmatamento em relação à sua área total: de 6,29%, em 2003, subiu para 7,15%, em 2004. A região central concentra o desmatamento, em termos absolutos.
O estudo apontou ainda perspectivas pessimistas para o meio ambiente na região Leste. "Se o padrão de ocupação atual se mantiver, com pecuária e plantação de grãos, as sedes dos quatro municípios em pouco tempo não terão mais floresta entre si", alerta Freitas. Ele afirma ainda que a região Leste, que possui a ocupação mais antiga do sul do Amazonas, hoje sofre pressão de grileiros que estão se deslocando do sul do Pará.