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Comoção no enterro do “Mestre das Gerações”

Encontro de várias gerações no enterro do médico infectologista Hélvio Auto. Várias pessoas marcaram presença na última homenagem ao homem que ensinou gerações da medicina e dedicou sua vida à profissão.

Alagoas 24 Horas

O atual diretor do HDT, Marcelo Constant, e José Pires Nobre foram prestar a última homenagem ao "Mestre das Gerações"

Muita comoção no enterro do médico infectologista Hélvio Auto. Várias pessoas marcaram presença na última homenagem ao homem que ensinou gerações da medicina e dedicou sua vida à profissão. O sepultamento aconteceu no final da tarde de hoje no cemitério Piedade, no bairro do Prado.

O médico Hélvio Auto é conhecido pelos companheiros de profissão como o “Mestre das Gerações”. O motivo, é o fato de ter ensinado várias gerações de médicos do Estado, enquanto professor da disciplina Doenças Infecciosas e Parasitárias na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e Escola de Ciências Médicas do Estado de Alagoas (Ecmal) desde a fundação das duas escolas.

Segundo o atual diretor do HDT, Marcelo Constant, Hélvio Auto foi o fundador da disciplina infectologia no Estado. “Ele era um exemplo de vida não apenas na parte profissional como no pessoal. Dava lições de humanismo e humildade em todos os momentos. Era um homem justo”, afirma Constant.

Entre os exemplo de humanismo e humildade citado por todos os que conheceram a pessoa de Hélvio, está o fato de ter atendido várias pessoas em um consultório na própria casa e de ter, muitas vezes, financiado o tratamento de pacientes de baixa renda.

A experiência

Hélvio Auto se destacou pela persistência e precisão com que dava seus diagnósticos. O primeiro caso de Calazar ou Leishmaniose em Alagoas foi diagnosticado por ele. “Ele persistiu no diagnóstico quando infectologistas de outros Estados não aceitavam. No final, foi comprovado que o paciente Antonino, que residia na Massagueira, estava infectado com Calazar”, conta o médico e discípulo de Hélvio, José Maria Constant, que foi aluno e assistente do infectologista até ele se aposentar.

Mas segundo José Maria a grande contribuição não veio do diagnóstico do Calazar e sim das teorias e hipóteses que a prática comprovou sobre o tétano. “Ele foi o maior autor em termo de tétano. Entre um dos questionamentos estava o de não existir imunidade natural para o tétano”, ressalta.

HDT

Como reconhecimento pelo trabalho, recebeu a homenagem, ainda em vida, de ter seu nome no hospital onde passou grande parte da vida trabalhando, o HDT.

A troca do nome do então Hospital de Doenças Tropicais Dona Constança, em homenagem à mãe de um governador do Estado, causou muito desconforto. Mas mesmo com a resistência do secretário de saúde da época, e após várias assinaturas recolhidas pelos que trabalhavam na unidade, a troca do nome do HDT era para os funcionários a forma mais digna de agradecer ao médico que tanto fez pelo hospital, como médico e diretor-geral.

Sede do saber

O médico Hélvio Auto, morreu aos 80 anos após uma pneumonia. Mas, segundo os amigos, ele já estava doente e muito debilitado após um câncer na bexiga e um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Os três livros que lançou na área médica são ligados à infectologia. Várias edições das obras dele já foram lançadas. “A sua obra não vai deixar que se apague os ensinamentos e a contribuição. Ele ainda ensinará por muito tempo várias gerações, pois seus livros são utilizados em todas as escolas de medicina de Alagoas”, comenta José Maria Constant.