Ela também afirmou que houve uma reunião de Dirceu com a direção do Banco Rural no Hotel Ouro Minas, em Belo Horizonte, e outra, em Brasília, com representantes do BMG, para discutir como seria realizado o pagamento desses empréstimos. A depoente revelou que soube pela imprensa das operações de empréstimo e que, depois disso, pediu detalhes ao marido.
O ex-ministro da Casa Civil, deputado José Dirceu (PT-SP), sabia da realização dos empréstimos feitos a pedido do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para pagamento de dívidas de campanha do partido e de aliados, segundo informou nesta terça-feira (26) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza, esposa e sócia do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de operar o mensalão.
Ela também afirmou que houve uma reunião de Dirceu com a direção do Banco Rural no Hotel Ouro Minas, em Belo Horizonte, e outra, em Brasília, com representantes do BMG, para discutir como seria realizado o pagamento desses empréstimos. A depoente revelou que soube pela imprensa das operações de empréstimo e que, depois disso, pediu detalhes ao marido.
– Fiquei assustada e preocupada porque não temos bens para pagar isso tudo – disse Renilda, acrescentando que Valério afirmou não ter tido "como negar o empréstimo por medo de perder as contas de empresas do governo que já possuia, como a do Banco do Brasil".
A esposa de Marcos Valério afirmou ainda que não acredita na existência do mensalão e considerou "fantasiosa" a versão apresentada à CPI pela ex-secretária de Valério, Fernanda Karina Somaggio. Renilda disse que nunca soube da relação do marido com políticos ou integrantes do governo e que não tem conhecimento dos negócios realizados pelo empresário, porque se dedica "ao lar e à família", apesar de ser pedagoga por formação. Observou ainda que sequer conhece a cor dos tapetes da empresa DNA, da qual é sócia, porque nunca vai lá.
– Dei a Marcos Valério uma procuração de confiança e hoje faria de novo. Eu o conheço há 25 anos e confio nele – destacou.
Ela disse não conhecer o montante movimentando nas contas das empresas e que, em sua conta pessoal, recebe um pro labore de R$ 3,5 mil, para pagamento de contas pessoais e que as despesas domésticas são pagas a partir da autorização de Marcos Valério para que realize saques das contas dele. Ela informou que, nessa conta, entram R$ 30 mil provenientes da DNA e outros R$ 30 mil da SMPB.
– Qualquer outro cheque era apenas com autorização de Marcos Valério.
Renilda é casada há 18 anos com Valério, com quem tem dois filhos, João Vitor e Natália. Namoraram por sete anos e perderam um filho. Ela também negou notícia veiculada pela imprensa de que teria tentado sacar R$ 1,8 milhões de suas contas no Bank Boston.