O fuxico que deu certo

Cochas de retalhos fabricadas artesanalmente, geram renda para mais de 40 famílias de Cajueiro

JVBolsas e outras peças do vestuário feminino, já foram exportados até para os EUA

Bolsas e outras peças do vestuário feminino, já foram exportados até para os EUA

Tendo sua economia baseada na produção canavieira, a população de Cajueiro tinha no plantio, colheita e moagem da cana de açúcar, sua única alternativa de ocupação. Mas há 20 anos uma brincadeira se transformou em uma nova modalidade de emprego e renda, principalmente no período da entre safra – quando o desemprego aumenta no município. O reaproveitamento das sobras de tecido das confecções, começava a dar origem as cochas de retalhos e a vida de mais de 40 pessoas passou por um processo de transformação.

Percebendo que a nova atividade já começava a chamar a atenção de compradores de outros municípios, as artesãs formaram uma oficina de trabalhos manuais para dar mais agilidade ao processo. Constatando que o produto para ser bem aceito no mercado deveria ser fabricado com maior qualidade, elas iniciaram um processo de capacitação com a ajuda da Prefeitura local e o capital humano começou a ser valorizado.

Há seis anos elas já trabalham para atender exclusivamente as encomendas e, além do expediente durante a semana em suas residências, se reúnem todos os sábados na sede da Associação São Francisco de Assis, que possui cerca de 150 sócias.

Apoio

Por meio de um contrato com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a produção começou a ser comercializada no Armazém Sebrae em Maceió e já é vendida para a Bahia e o Paraná, ale de ser exportada para os Estados Unidos.

Com um número cada vez maior de encomendas, as “fuxiqueiras” de Cajueiro necessitavam de capital de giro para comprar os retalhos nas confecções e atender a demanda que não pára de crescer, por isso, o apoio da Fundação Ação Feminina da Asplana (Fafeplal) foi decisivo para que a situação começasse a melhorar, uma vez que a instituição repassa mensalmente o valor de R$ 4,00 por cada associado, ajudando nas despesas.

Segundo a presidente da Associação São Francisco de Assis, Fátima dos Santos, o maior problemas ainda é o capital de giro, mas há expectativas que a situação possa melhorar. “Como trabalhamos por produção e temos que comprar o material e pagar o salário das meninas sobra muito pouco para investirmos, mas como sabemos que essa atividade mudou para melhor a vida de muitas famílias em Cajueiro, iremos persistir com esse sonho”, garante, destacando que o valor pago mensalmente varia de R$ 80 a R$ 220 reais, dependendo da produção.

Reciclagem

Mas para a ex-presidente da associação e uma das maiores incentivadoras do projeto, Gedalva Messias, o trabalho com os retalhos além da contribuição social que está promovendo entre as famílias, serve, também, para reciclar os restos de tecido que eram anteriormente destinados ao lixo. além disso, a atividade tem sido terapeutica, principalmente para as mulheres que chegaram a melhor idade.

“Através desta atividade estamos gerando emprego e renda, reciclando um material que antes era desperdiçado e possibilitando uma terapia àquelas que estavam ociosas, sem uma perspectiva e se achavam impossibilitadas de contribuir à sociedade”, salienta, destacando que a pretensão é investir também na recreação das associadas, promovendo passeis de lazer a exemplo do realizado mês passado para Garanhuns, em Pernambuco.

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