O contrato com a empresa inclui um compromisso de fornecimento da mamona pelo preço mínimo estabelecido pelo governo federal com a contrapartida do apoio técnico e fornecimento de sementes e ferramentas.
As empresas produtoras de biodiesel estão firmando contratos com os agricultores familiares como forma de estruturar a cadeia produtiva do combustível. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, essa associação vem se firmando como modelo para o projeto. Só a empresa Brasil Ecodiesel, que inaugura usina esta semana em Floriano (244 km ao sul de Teresina), já está associada a cerca de 20 mil agricultores de todo o Nordeste, segundo a empresa.
O contrato com a empresa inclui um compromisso de fornecimento da mamona pelo preço mínimo estabelecido pelo governo federal com a contrapartida do apoio técnico e fornecimento de sementes e ferramentas. Segundo a Brasil Ecodiesel, a unidade de Floriano transformará óleo produzido com mamona de agricultores familiares de sete estados: Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Alagoas e Minas Gerais.
"Nossa estratégia é conseguir a fidelização dos agricultores. Damos todo o apoio técnico em troca do compromisso de venda", explica Ricardo Alonso, gerente de produção da empresa em Floriano. Ele diz que a assinatura de compromisso com o agricultor visa, além de garantir o fornecimento regular da matéria-prima, evitar especulação por atravessadores, já que o óleo de mamona é valorizado no mercado internacional, por servir de matéria-prima em vários ramos da indústria.
No caso da Brasil Ecodiesel, o gerente de produção Ricardo Alonso conta que o contrato inclui o fornecimento de sementes, insumos e ferramentas como enxada e foice. Depois que o agricultor planta, um técnico da empresa realiza uma visita periódica à propriedade, dando orientações quanto aos tratos culturais. Ele também explica que o agricultor precisa seguir as orientações do técnico, sob pena de perder a garantia dada pela empresa de remuneração mínima pelo plantio (uma espécie de seguro para a safra).
O governo tem apoiado esse tipo de associação entre empresa e agricultores, segundo Arnoldo de Campos, do MDA. "O desenho é parecido com o que já acontece em outras partes do país, como na suinocultura e na avicultura no Sul, além do que já há em setores como o leite e as frutas no próprio Nordeste. Uma empresa líder organiza as relações e garante a compra, funciona como aval para o empréstimo do Pronaf (Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar". Segundo ele, o objetivo é garantir que o agricultor familiar participe do programa. "Não dá para esperar que o pequeno agricultor vai ter capital para ele mesmo fazer uma usina. Desta forma, temos a garantia de que ele vai participar da cadeia produtiva."