A CPI dos Correios tem trabalhado com a hipótese de que o empresário Marcos Valério de Souza tem agido como um "chantagista" ao fazer acusações pontuais e dar depoimentos contraditórios sobre suas movimentações financeiras.
Novo documento em posse da CPI, entregue por Valério, mostra que ele firmou 12 contratos de empréstimo entre fevereiro de 2003 e outubro de 2004 no valor de 93 milhões de reais com os bancos Rural e BMG. Isso contradiz com o entregue no começo das investigações da Comissão, pelo qual teriam sido firmados apenas cinco contratos no valor de cerca de 54 milhões de dólares.
Em posse desses dados, o tom das investigações da CPI será em busca dos supostos beneficiários do valor de diferença entre um documento e outro.
Em um documento entregue à Procuradoria Geral, Valério afirma que sacou cerca de 55 milhões de reais de suas contas e os repassou para parlamentares da base aliada do governo. A contabilização nas contas da agência de publicidade SMPB, da qual é sócio, foi de “empréstimos ao PT”.
Parlamentares da CPI, que pediram para não ser identificados, afirmaram ainda que os depoimentos de Marcos Valério à Procuradoria Geral da República, à Polícia Federal e à própria Comissão estão cheios de contradições.
Um deputado da oposição chegou a dizer ainda que a entrevista dada ao jornal Estado de S.Paulo, no qual o empresário garante que o ex-ministro, deputado José Dirceu (PT-SP), tinha conhecimento dos empréstimos feitos ao PT e do destino dos recursos, é uma tática “chantagista”.
“Esse tipo de coisa mostra que o Marcos Valério age como um chantagista. Ele solta aos poucos, tem uma tática afinada com outros depoimentos”, afirmou, porém não quis fazer comentários sobre quem seria o alvo das declarações do empresário.
A primeira pessoa que envolveu o nome do ex-chefe da Casa Civil foi a mulher de Valério Renilda Santiago. Na seqüência, as declarações da diretora financeira da agência de publicidade SMPB, Simone Vasconcelos, também tiveram uma linha de raciocínio adequada ao empresário, de acordo com a avaliação de dois parlamentares.