Os membros da CPI dos Correios devem concluir em 10 dias uma lista de sugestão de abertura de processo de cassação de deputados, envolvidos em corrupção em estatais e se beneficiado de saques das contas do empresário Marcos Valério de Souza. Os critérios para indicar a quebra de decoro serão definidos através de consultas e acordos políticos.
O relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou que teria convicção sobre o papel do deputado Roberto Jefferson no suposto esquema de corrupção nos Correios, porém foi enfático ao dizer que a avaliação final será construída com os outros integrantes da Comissão.
Ao ser questionado se Jefferson operava um esquema de corrupção, Serraglio respondeu: “Eu até poderia dizer que tenho convicção, mas não acho oportuno fazer uma avaliação neste momento. Estamos fazendo um juízo político que deve ser submetido e construído junto ao plenário. Tudo o que se constrói tem de ser palatável.”
Jefferson foi envolvido no esquema quando foi divulgado uma gravação na qual um ex-servidor dos Correios, Maurício Marinho, fazia uma negociata com empresários a mando do deputado do PTB.
A versão da fita, no entanto, foi negada durante o depoimento de Marinho à CPI dos Correios. Marinho, no entanto, tem comparecido espontaneamente à Procuradoria Geral da República e dado versões mais claras de seu envolvimento.
A informação foi confirmada pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), mas o teor do depoimento ainda não chegou ao conhecimento da Comissão.
Ele sinalizou que deputados que se beneficiaram de recursos de caixa dois, ou seja, dinheiro não-declarado à Justiça Federal, devem ser incluídos entre os nomes de potenciais cassações.
“Ao meu juízo, caixa dois é um equívoco e não é porque houve uma sucessão de equívocos, de que todo mundo teria mundo financiamento via caixa dois, que o legitima”, afirmou Serraglio a jornalistas durante entrevista coletiva.
Segundo balanço divulgado pelos integrantes da CPI, os 21 depoimentos que ocorreram na arena da CPI levaram ao envolvimento direta ou indiretamente de 18 parlamentares nos trabalhos investigativos da Comissão.
O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), tomou medidas para descentralizar os trabalhos e acelerar o número de depoimentos que ainda restam ser ouvidos, um total de 61.
“Os depoimentos importantes, porém secundários poderão ser ouvidos por grupos de parlamentares”, afirmou Delcídio.
A partir de agora, os depoimentos poderão ser feitos em três formas distintas. A primeira que é a tradicional no plenário da CPI, outra em uma subcomissão para um pequeno grupo de parlamentares e a ultima, que seriam específicos e terciários, encaminhados à Polícia Federal.