O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, analisou que o pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira tranqüilizou a população ao trazer a mensagem que o povo brasileiro esperava. Severino acredita que, ao afirmar que foi traído, Lula se qualifica para combater a corrupção que existe no governo e no PT.
O presidente da Câmara declarou que ainda é prematuro demais para falar em impeachment e que não trabalha com essa hipótese. Ao mesmo tempo, o deputado afirmou que é cedo para dizer se Lula estará livre de qualquer processo no futuro. "Todas as denúncias que têm chegado estão sendo rechaçadas porque não há conteúdo", observou.
Sem demagogia
Na avaliação de Severino, o discurso do Presidente foi feito no tom correto, sem demagogia. Ele notou no presidente da República disposição para investigar e punir correligionários que tenham cometido erros. "Ele está demonstrando que não concorda com os desvarios dos correligionários, que não estavam à altura dos cargos que ocupavam, nem participou de atos ilícitos", comentou.
O presidente da Câmara ressaltou ainda que é importante punir tanto os corruptos quanto os corruptores. Severino afirmou que, como cidadão, está ao lado do presidente Lula para preservar as instituições democráticas do País. Ele disse também que seu objetivo é fazer com que o Presidente saia da situação de crise e que o Brasil continue crescendo.
Críticas
Já o sub-relator de movimentação financeira da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), criticou o discurso e cobrou uma tomada de atitude mais firme do presidente Lula. "Não basta demonstrar indignação e dizer que foi traído. Ele tinha de citar nomes, apontar os responsáveis pela traição dentro do PT e afastar pessoas do governo", exigiu.
Para Fruet, a declaração caberia bem se fosse feita há 20 dias. "Essa declaração não vai resolver a crise. "Também integrante da CPMI, o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) disse que Lula não admitiu seus erros e frustrou a população. "Antes de pedir desculpas, o presidente Lula tinha de, no mínimo, assumir os diversos crimes de corrupção envolvendo seu governo."
Reforma política
Na opinião do líder interino do PT, deputado Fernando Ferro (PE), o pedido de Lula para votação da reforma política foi um recado para que tanto parlamentares quanto a população possam superar a crise. "Foi uma manifestação para realmente iniciar uma nova fase do governo, buscando uma recomposição da base de apoio na Câmara e da relação com os movimentos sociais e com a sociedade", considera.
O deputado avalia que o pronunciamento deu as satisfações de que a população precisava. "Trata-se de uma prestação de contas para superar o momento político delicado que estamos vivendo." Fernando Ferro disse ainda que vai trabalhar para recompor a base aliada e conseguir uma agenda mínima de votações no Congresso.