O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, em entrevista ao apresentador do " Jornal da Band " , Carlos Nascimento, que a crise política pela qual passa o Brasil hoje é mais grave que a enfrentada pelo governo Fernando Collor.
SÃO PAULO – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, em entrevista ao apresentador do " Jornal da Band " , Carlos Nascimento, que a crise política pela qual passa o Brasil hoje é mais grave que a enfrentada pelo governo Fernando Collor. " Nenhuma das denúncias saiu da oposição e sim do próprio PT, o partido do presidente " , disse.
Fernando Henrique fez duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Embora tenha dito que o impeachment " não é iminente " , afirmou que para governar é preciso mais do que popularidade. " O presidente Lula tem ainda um pouco de popularidade, mas é preciso mais para governar, é preciso respeitabilidade, é preciso que ele mostre liderança num momento como este. " Para ele, o momento atual é uma " distorção da vida democrática republicana " .
Fernando Henrique chamou o presidente Lula de " omisso " e disse que ele ainda deve explicações à sociedade. " A população não está satisfeita, nem mesmo o PT está satisfeito com o discurso que o presidente fez. Ele disse que foi traído, mas traído por quem? " , indagou. Na sua análise, não dar mais explicações é " politicamente ruim " para Lula: " Ele vai enfrentar uma eleição. " Os conselhos pararam por aí: o ex-presidente disse que, se procurado por Lula, o atenderia apenas por cordialidade: " O momento não é bom para conversar. Iria parecer cambalacho. "
Fernando Henrique criticou o PT por ter, segundo ele, assumido o governo sem ter um programa, " sem ter um rumo " , acrescentando que o governo Lula simplesmente manteve a política econômica de seu governo. " Em alguns pontos foram mais radicais, como nessa questão dos juros. "
O ex-presidente rebateu as denúncias de que sua reeleição só foi possível porque a base governista foi cooptada por meio da compra de votos. " É possível que tenha havido uma ou outra coisa " , disse. " Mas não teve nada a ver comigo " . Ele continua favorável à reeleição, embora assegure que não será candidato à presidência em 2006. " Já fui presidente, o PSDB tem ótimos candidatos e eu tenho 74 anos. "