O ex-secretário de Obras do município de Feliz Deserto, engenheiro José Moacir Beltrão Araújo, 43 anos, foi a última pessoa indiciada no inquérito que apurou o desvio de R$ 3,6 milhões das contas da Secretaria Estadual de Saúde.
O ex-secretário de Obras do município de Feliz Deserto, engenheiro José Moacir Beltrão Araújo, 43 anos, foi a última pessoa indiciada no inquérito que apurou o desvio de R$ 3,6 milhões das contas da Secretaria Estadual de Saúde. Por cerca de duas horas, ele prestou depoimento hoje à tarde na Polícia Federal e saiu indiciado nos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Com o depoimento de Moacir Beltrão, o delegado André Santos Costa conclui o inquérito que apurou o desvio de dinheiro que serviria para compra de medicamentos e encaminhá-lo nos próximos dias à Justiça Federal. No total, foram indiciadas nove pessoas que estariam envolvidas no esquema, que tem como principal articulador o ex-chefe de Contabilidade da Sesau, Eduardo Menezes.
No seu depoimento à PF, o ex-secretário de Obras de Feliz Deserto contou que fora procurado à época por Eduardo Júnior, que disse ter uma herança para receber e, por isso, pediu que arranjasse dez contas de empresas para que o dinheiro fosse depositado. Moacir Beltrão conseguiu oito empresas, sendo quatro instaladas em Piaçabuçu, duas em Arapiraca e duas em Maceió.
Segundo o delegado André Costa, nas oito contas foram depositados R$ 615 mil provenientes, em sua maioria, do Banco do Brasil. Como pagamento pela utilização das contas “laranjas”, Moacir, o dono de cada empresa e o próprio Eduardo Júnior ficavam com 5% do valor de cada depósito. Também era prometido às empresas a participação em obras públicas e compra de materiais.
Em seu depoimento, o engenheiro confessou que esse esquema lhe rendeu apenas R$ 10 mil. Quando o escândalo foi descoberto, o ex-secretário tratou de depositar em juízo o valor recebido. Ele disse à PF que o dinheiro foi depositado no dia 26 de outubro do ano passado na 3ª Vara da Fazenda Pública Estadual.
Ao deixar a sede da PF, ele evitou conversar com os jornalistas, alegando que fora massacrado pela imprensa quando o seu nome foi citado no caso, "sem saber se ele era inocente ou não".
“Mas isso não o isenta de responder criminalmente; ele deixa de responder apenas à ação cível”, disse o delegado André Costa, acrescentando que não vai indiciar os donos das empresas envolvidas, porque eles emprestaram suas contas sem saber que as somas depositadas eram dinheiro público desviado da Secretaria de Saúde.
Com a conclusão do inquérito, a PF vai aguardar agora novidades que possam vir a surgir da perícia contábil-econômica, que está analisando a movimentação bancária e da declaração de renda de cada um dos envolvidos no esquema. “Todas as contas de pessoas físicas e jurídicas por onde o dinheiro passou estão sendo analisadas”, afirmou.