O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) lembrou a sua origem alagoana e elogiou a buchada, para responder, agora, às críticas feitas na época da campanha eleitoral quando ele se esbaldou com o prato típico do Nordeste e andou de jegue - e foi tema de chacotas.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) lembrou a sua origem alagoana e elogiou a buchada, para responder, agora, às críticas feitas na época da campanha eleitoral quando ele se esbaldou com o prato típico do Nordeste e andou de jegue – e foi tema de chacotas."Fui criticado por isso; um colunista de uma revista chegou a me perguntar como eu provava um prato daquele e eu respondi que, na França, existe um prato igualzinho à buchada e todo mundo come e acha uma iguaria”, sustentou.
Neto de alagoanos, descendente da família Cardoso, de Viçosa, o ex-presidente se considerou paulista e alagoano, mas sintetizou que se comporta mesmo é como brasileiro; ele contou sobre seu gosto culinário e sua montaria no jegue para ilustrar seu discurso, centrado na necessidade de união nacional em torno do Brasil.
“O País mudou muito; em 1970, éramos 90 milhões de habitantes e todos sabem disso por causa do futebol, a música da seleção. Hoje somos 183 milhões, ou seja, a população mais do que dobrou em 35 anos; além disso, a população urbana também cresceu e somos hoje um País com grande concentração urbana”, sustentou.
Ele criticou o governo Lula – embora observasse que era cair em lugar comum; “o governo acabou”, disse – por ter colocado pessoas do partido na administração das agências reguladoras de serviços públicos que foram privatizados. “Isto foi um erro; o governo deveria ter escolhido técnicos com credibilidade junto à sociedade.”
Fernando Henrique fez a observação depois de defender o modelo neo-liberal adotado pelo PSDB e as privatizações de empresas públicas no seu governo. Citando o exemplo da privatização das empresas de telecomunicações, FHC mostrou que, em 1996, quando ainda vigorava o modelo estatal, haviam 600 mil aparelhos celulares no País; hoje, são 60 milhões de aparelhos e isto só foi possível por causa da privatização das telecomunicações. O problema não é a privatização; o problema é a agência reguladora que deve estar atenta e sob o efetivo controle do governo.
E, na média com Alagoas, o ex-presidente criticou o percentual de 22% de comprometimento da receita estadual para pagamento da dívida com o governo federal – ainda que o acordo tivesse sido assinado no seu governo. “Esse percentual é absurdo”, sustentou. FHC destacou os investimentos do seu governo na educação, citando Viçosa como exemplo de erradicação do analfabetismo. Depois, fez o alerta: “A educação é fundamental; só vai atingir o desenvolvimento pleno o País que tiver o domínio do conhecimento".
Para FHC, o Brasil já enfrentou quatro crises: política, econômica, social e moral. Ele citou a crise que eclodiu com a frustração pela renúncia do presidente Jânio Quadros, mas observou que se tratou de questão pessoal – Jânio não renunciou por ter sido pressionado por escândalos; e o presidente João Goular, deposto diante da crise política. Veio mais tarde o governo Fernando Collor, que levou à crise econômica – e Collor foi afastado do governo pelo impeachment, mas FHC reconheceu que a crise provocada pelas denúncias de irregularidades no governo Collor é diferente da atual.
"Não estou defendendo o governo Fernando Collor, que é alagoano, mas devo reconhecer que a crise no seu governo é diferente. No governo Collor nós tivemos uma pessoa que agia fora do goveno em nome do governo", disse, referindo-se, sem citar nome, ao empresário Paulo César Farias, tesoureiro de Collor."Hoje é muito diferente; temos um partido que montou um esquema de corrupção nunca visto na história e age dentro do governo, em nome do governo e é governo."