Enquanto o senador Teotônio Vilela Filho (PSDB) discursava saudando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, hoje pela manhã, no auditório da Associação Comercial, o governador Ronaldo Lessa (PDT) e FHC mantinham uma conversa em caráter reservado, inaudível para os demais presentes à mesa.
Enquanto o senador Teotônio Vilela Filho (PSDB) discursava saudando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, hoje pela manhã, no auditório da Associação Comercial, o governador Ronaldo Lessa (PDT) e FHC mantinham uma conversa em caráter reservado, inaudível para os demais presentes à mesa, mas sintomática – o PDT indicou o nome de Lessa para ser vice na chapa do PSDB à Presidência da República. Anfitrião de FHC e testemunha da proposta do PDT, o senador Téo Vilela não estranhou o colóquio; nem a presença de Lessa à solenidade tucana.
O ex-presidente não falou sobre candidaturas à sucessão presidencial, mas o diagnóstico político sobre o governo Lula e o PT foi arrasador; FHC chegou a comparar a corrupção no governo petista, dizendo ser infinitamente maior daquela praticada no governo Fernando Collor de Mello – nesse momento, o governador Ronaldo Lessa arregalou os olhos; ainda que não deixasse transparecer se concordava com a comparação, não disfarçou a surpresa pelo posicionamento do líder tucano.
O que FHC e Lessa conversaram é segredo entre os dois, mas o governador se mostrou à vontade com o ex-presidente da República. Segundo o senador Téo Vilela contou ao Alagoas24horas, o presidente nacional do PDT, Carlos Luppi, procurou o prefeito de São Paulo, José Serra, de quem é amigo, para informar da disposição do PDT em se coligar com o PSDB na disputa sucessória em 2006. O dirigente do PDT indicou o nome do governador alagoano para ser o vice-presidente na chapa do PSDB; o senador Téo Vilela considerou a indicação natural, alegando que o PDT é oposição ao governo federal, mas observou a inversão de valores: “Deu-se o contrário do que se imaginava de início; se a ida do governador Ronaldo Lessa para o PDT tinha por objetivo aproximar o partido do governo Lula, a realidade é outra: o PDT é que está levando o governador alagoano a cerrar fileira na oposição”.
E o presidente Lula parece já estar informado dessa união; na visita que fez a Alagoas, no último dia 16, para inauguração do novo aeroporto de Maceió, o presidente da República não reclamou do discurso do governador Ronaldo Lessa, que se queixou do percentual de 22% para comprometimento do pagamento da dívida do Estado com o governo federal. Sem citar nomes, Lula rebateu: “Alguns governadores que hoje reclamam do percentual, assinaram o acordo no governo passado. Por que assinaram o acordo?” – reagiu o presidente, para depois se reclamar diretamente do governador.
Mas, o governador Ronaldo Lessa está embalado; ainda que se mantenha como candidato natural ao Senado – existe apenas uma vaga – o seu nome ganha projeção nacional dentro do PDT, não só pelo seu desempenho político, mas pela procedência – é nordestino e os tucanos querem um nome da região para compor a chapa presidencial em 2006.