O brasileiro Robert Scheidt precisava apenas de um 23º lugar para conquistar o seu oitavo título mundial na classe Laser de vela. Mas ele fez mais do que isso. Nesta quarta-feira, na primeira regata do dia em Fortaleza, ele chegou em segundo lugar, conquistando o campeonato por antecipação.
O brasileiro Robert Scheidt precisava apenas de um 23º lugar para conquistar o seu oitavo título mundial na classe Laser de vela. Mas ele fez mais do que isso. Nesta quarta-feira, na primeira regata do dia em Fortaleza, ele chegou em segundo lugar, conquistando o campeonato por antecipação.
Com o resultado, Scheidt, bicampeão olímpico, chega à última regata, que será disputada ainda nesta quarta, com 13 pontos perdidos, não podendo ser alcançado por nenhum rival.
O título mundial conquistado nesta quarta-feira é o primeiro de Scheidt em casa. Os sete títulos mundiais anteriores de Robert Scheidt foram conquistados em Tenerife (Espanha/95), Cidade do Cabo (África do Sul/96), Algarrobo (Chile/97), Cancún (México/00), Cork (Irlanda/01) Cape Cod (EUA/02) e Bodrum (Turquia/04).
"Tive muitos momentos especiais na minha carreira, e esse é um deles. O título mundial no Brasil sempre foi um sonho. Desde que a competição foi confirmada, coloquei na cabeça que gostaria muito de ganhar", disse Scheidt, de 32 anos.
Scheidt enfrentou nesta edição do Mundial um adversário a mais: a pressão. "Com todo respeito aos meus adversários, o Mundial foi mais difícil em terra do que na água. Houve muita pressão externa, com cinco a seis pessoas me vendo montar o barco todos os dias. Precisei saber administrar a pressão e consegui. O resultado fala por si só", disse.
O Campeonato Mundial começou na quinta-feira passada, quando Scheidt ficou apenas na 17ª colocação na regata de abertura. Esse foi o pior resultado do velejador em toda a competição, e acabou sendo utilizado como descarte na classificação final. Nas outras 12 regatas disputadas até esta quarta-feira, o campeão venceu oito, ficou três vezes em segundo e uma em terceiro.
"A raia de Fortaleza me beneficiou bastante. Treinei muito aqui e velejar com ventos de 15 a 18 nós e com ondas é minha condição favorita. Não estava muito bem preparado no primeiro semestre, mas atingi o pico no Mundial", explicou.
O Mundial de Fortaleza foi o 14º na carreira de Scheidt. Além dos oito títulos mundiais, ele foi ainda vice-campeão em Melbourne (Austrália/99) e Cadiz (Espanha/03), terceiro em Takapuna (Nova Zelândia/93), sexto em Wakayama (Japão/94), 20º em Porto Carras (Grécia/91) e 49º na estréia, em Newport, Estados Unidos, em 1990.
Scheidt também creditou parte do seu sucesso aos adversários e às derrotas. "Devo muito o que consegui na minha carreira aos meus adversários, que me ensinaram bastante e me fizeram crescer. Foi assim com o Peter Tanscheit, que era meu ídolo e depois passou a ser o meu rival, e até com o britânico Ben Ainslie, que levou a melhor nos Jogos de Sydney."
Agora, Scheidt vive um dilema. Ele tem que decidir se continua na classe Laser ou se migra para a classe Star, que tem como principal expoente no país Torben Grael, dono de cinco medalhas olímpicas.
Tive muitos momentos especiais na minha carreira, e esse é um deles. O título mundial no Brasil sempre foi um sonho.
Robert Scheidt
"Se ele seguir na classe Laser é medalha certa nos Jogos de Pequim em 2008. É mais prático e mais fácil. Se ele mudar para a Star, será apoiado também", garante o presidente da Federação Brasileira de Vela e Motor (FBVM), Walcles Osório. Agora, entretanto, o dirigente quer curtir a vitória de Scheidt. "Fiquei supercontente com mais essa conquista do Robert Scheidt. Para mim não é surpresa nenhuma. Não cobramos, mas sempre esperamos uma performance desse nível dele."
A conquista também foi comemorada por um ex-campeão do mundo na classe Star, Alan Adler, que ganhou o título em 1991. "Esse octacampeonato mundial mostra o momento especial que a vela brasileira está vivendo. Temos ainda as cinco medalhas olímpicas do Torben, o Brasil 1 participando da Volvo Ocean Race. O impressionante na carreira do Robert é que ele consegue se manter no topo e sempre motivado durante tanto tempo em uma mesma classe."
O medalhista olímpico Lars Grael, um dos principais nomes do esporte no país, também elogiou o desempenho de Robert Scheidt. "É um orgulho para o esporte nacional ter um atleta como o Robert Scheidt. O oitavo título mundial prova a excelência dele na vela e o futuro brilhante que ele tem. Ele ainda vai proporcionar muitas alegrias para a torcida brasileira. Para mim, como velejador, é uma honra dividir a raia com ele. E, às vezes, me orgulha poder vencê-lo."