Dino Alves, militante do movimento gay e um dos líderes do movimento jovem de Alagoas, atual presidente do Centro de Jovens de Maceió, fala sobre a importância da luta pela promoção dos direitos humanos de jovens, mulheres e homossexuais no Estado de Alagoas e o desenvolvimento do projeto “Sexualidade e prevenção nas escolas: conscientizar para educar”.
Dino Alves, militante do movimento gay e um dos líderes do movimento jovem de Alagoas, atual presidente do Centro de Jovens de Maceió, fala sobre a importância da luta pela promoção dos direitos humanos de jovens, mulheres e homossexuais no Estado de Alagoas e o desenvolvimento do projeto “Sexualidade e prevenção nas escolas: conscientizar para educar”.
O projeto é de autoria da Associação Sergipana de Transgêneros (ASTRA), e por se tratar de um projeto regional o Grupo Gay de Alagoas foi convidado a ser parceiro na execução do mesmo em Alagoas, assim como o Estado da Bahia. As ações são realizadas de forma integrada ao currículo escolar, através da capacitação de profissionais de educação, líderes de agremiações estudantis, pais e familiares, sobre sexualidade, cidadania e DST/Aids. Para isso estão previstas a realização de treinamentos e seminários, além da produção de materiais gráficos, informativos e formação de grupos de trabalhos.
Em Alagoas vem sendo executado com o apoio da Secretaria Executiva da Educação e das Secretarias Estadual e Municipal da Saúde, através das coordenações de DST/Aids, com o financiamento do Ministério da Saúde. Entre outras coisas, pretendemos chegar à conscientização e sensibilização dos profissionais da educação, através de formação e capacitações sobre sexualidade, visando uma melhor compreensão da complexibilidade da sexualidade humana. Nesse sentido, quatro escolas foram escolhidas para a realização do projeto. A Teonilo Gama, Geraldo Melo, Adeilsa Maria de Oliveira e Rodrigues de Melo. Essas são as escolas com maior índice de homofobia entre adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. Nesse primeiro momento o nosso trabalho foi firmar termos de compromisso com as escolas, e prestar esclarecimentos para os professores, que ainda acreditam não ser preciso abraçar a causa.
O nosso objetivo é promover a inclusão social, o respeito à diferença e promover a singularidade entre jovens homossexuais, através dos professores em sala de aula. Sabemos que a formação social das pessoas provém também da escola e por isso é importante educar para o respeito às diferenças. Acho importante que os jovens e adultos, dentro e fora da escola entendam que o homossexual não quer ser aceito, quer ser respeitado, afinal é sujeito de direitos. Assim como o jovem negro, pobre, deficiente.
Inicialmente tivemos resistência, alguns diretores temiam trabalhar um projeto que trata da sexualidade, da diversidade sexual, especificamente a homossexualidade. Hoje há uma certa flexibilidade e já estamos preparando a primeira formação com os profissionais da educação e temos o governo como parceiro.
A agressão verbal e a exclusão são as grandes experiências de homofobia vivenciadas nas escolas. Muitas vezes o professor não sabe como lidar com a problemática, daí nossa preocupação em capacitar esses profissionais da educação.
Certa vez, presenciamos um caso bem interessante. Um garoto de uma escola era constantemente agredido pelos colegas, chamado de “viadinho” e ficava extremamente agressivo. O diretor da escola chamou os pais do menino para reclamar da agressividade da criança. Como a mãe não pôde ir, mandou uma vizinha que também foi agredida pelos estudantes “a mãe do viadinho”. Depois da reunião, o diretor sugeriu que o menino fosse acompanhado por psicólogos. Quem quiser pode contestar, mas, na minha opinião são os outros meninos que precisam de psicólogo, afinal são eles que não conseguem conviver com as diferenças.