De acordo com o consultor sindical João Guilherme Vargas Neto, esta paralisação terá mais êxitos do que a ocorrida no ano passado.
O consultor sindical João Guilherme Vargas Neto afirma que os bancários têm "todas as condições de obterem vitórias" com a greve da categoria, que começou na última quinta-feira (06). De acordo com ele, esta paralisação terá mais êxitos do que a ocorrida no ano passado.
"No último ano, houve uma novidade que perturbou a compreensão dos bancários, que foi a substituição do abono tradicional pelo aumento real. Isso causou uma certa confusão. Agora, eles estão reivindicando o reajuste real e também o abono", diz.
Vargas Neto afirma que todas as comparações feitas sobre este movimento devem ser relacionadas com as paralisações recentes da categoria, porque, segundo o consultor, o perfil e as ambições da classe se modificaram muito nas duas últimas décadas.
"É muito diferente esta greve da de 1985 (considerada a maior da classe, que mobilizou mais de 500 mil trabalhadores). Naquela época, além do número de trabalhadores ser muito maior – porque a categoria foi dizimada pelo desemprego e desemprego tecnológico – a composição nas agências era muito diferente. Aquela greve foi muito peculiar. Hoje, por exemplo, aquela figura do bancário em trânsito para outra profissão ou na vida escolar é substituída pelo bancário comissionado, que tem uma participação permanente na profissão", explica.
Ainda não há previsão para o fim da paralisação, que já dura quatro dias. Os bancários querem um reajuste de 11,77%, maior participação nos lucros (o que representa salário acrescido de valor fixo de R$ 788 além de 5% do lucro líquido distribuídos entre os funcionários), garantia de emprego e 14º salário.
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) propõs um reajuste salarial de 4%, abono linear de R$ 1.000 mais um valor fixo de R$ 733 e participação nos lucros com valor equivalente a 80% do salário.
A greve dos bancários foi ampliada para 23 Estados, com as assembléias realizadas entre ontem e hoje em Alagoas, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo e Rondônia, além do Distrito Federal. Em São Paulo, a greve entra em seu quinto dia, com uma assembléia realizada na sexta-feira que decidiu pela continuidade da paralisação.
Segundo balanço da CNB (Confederação Nacional dos Bancários), o número de profissionais mobilizados chegou a 116 mil até sexta-feira.
Os bancários estão em greve nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Paraná, Santa Catarina, Ceará, Sergipe, Acre, Amapá, Espírito Santo, Alagoas, Maranhão, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Rondônia, além do Distrito Federal.
Em São Paulo, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região informou que 26 mil trabalhadores estão parados e que a categoria deve fazer uma nova assembléia por volta das 18h na região central da capital paulista.