Os pecuaristas alagoanos discutiram as ações que o estado tomará para evitar problemas semelhantes ao do Mato Grosso do Sul, onde, recentemente foi detectado foco de aftosa.
Durante a reunião do Fórum Permanente da Agropecuária Alagoana, na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (Faeal),hoje, os pecuaristas alagoanos discutiram as ações que o estado tomará para evitar problemas semelhantes ao do Mato Grosso do Sul, onde, recentemente foi detectado foco de aftosa.
Na ocasião, tanto os criadores quanto a Secretaria de Agricultura (Seagri) ressaltaram a importância da declaração da vacinação. “Há seis anos não temos registro de aftosa em Alagoas, o que significa que os nossos produtores estão vacinando. Mas muitas pessoas deixam de declarar a vacinação, o que não atende às exigências do Ministério da Agricultura e, por isso, ainda estamos sob a classificação de zona de risco desconhecido”, disse o secretário de Agricultura, Kléber Torres.
Já o presidente da Faeal, Álvaro Almeida, lembrou que um foco de aftosa traria perdas econômicas graves para o estado, já que as exportações locais (dentre elas as de açúcar e álcool) sofreriam boicote do restante do país.
Nesta segunda etapa da campanha para a erradicação da aftosa, iniciada no começo do mês, a Seagri vai doar 200 mil doses da vacina para os pequenos pecuaristas, que muitas vezes, não têm condições financeiras de adquirir o antídoto. Já quem for às lojas de revenda, terá à sua disposição,um técnico da Secretaria para orientar sobre a declaração da imunização.
Por meio da Lei de Defesa Agropecuária, o estado terá autoridade para punir os pecuaristas que não vacinarem seu rebanho ou transitarem sem a Guia de Transporte Animal (GTA). Essas medidas também afetam a quinquagésima quinta edição da Exposição Agropecuária de Alagoas (Expoagro), que ocorre de 29/10 a 05/11. Só serão aceitos na exposição os animais com, pelo menos, oito dias de vacinação e os interessados em participar do evento devem imunizar o seu rebanho até a próxima quinta-feira,20.
A Seagri ainda orienta os produtores a tomarem alguns cuidados em relação às vacinas, principalmente no referente à conservação. “As doses devem ser mantidas em uma temperatura entre 2º e 8°C. Caso contrário, as vacinas sofrerão alterações em sua composição, não promovendo uma imunização eficaz”, explicou o diretor de Extensão Rural e Defesa Agropecuária da Secretaria, Hibernon Cavalcante, salientando que estas doses não poderão ser aproveitadas para a próxima campanha de vacinação contra aftosa, em abril de 2006.
Já a Faeal, através do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Alagoas (Senar-AL), vai capacitar 1200 técnicos para atuação na imunização de animais em 80 municípios. A federação, em parceria com a Seagri e as prefeituras destas cidades, distribuirá 35 mil doses de vacinas para criadores com até vinte cabeças de gado.
“Mais do que doar, nosso objetivo é imunizar os animais e sairmos de cada município com a declaração de vacinação do rebanho local”, conta o presidente Álvaro Almeida.
Além da aftosa, outra preocupação da Faeal e da Seagri diz respeito à cama aviária. Utilizado como alimento para bovino, a cama de frango (que utiliza restos no animal morto em sua composição) foi proibida pelo Ministério da Agricultura, já que estudos comprovaram que este tipo de ração pode provocar o mal da Vaca Louca.
Embora Alagoas e o Brasil não registrem casos de Vaca Louca, a cama de frango está favorecendo a disseminação de outra doença: a tuberculose bovina. Ao consumir a ração com restos de frango, o gado corre o risco de ser infectado pela bactéria Bovis, que é repassada ao homem com a ingestão de carne contaminada.
Dados da Vigilância Sanitária de Rio Largo reforçam a preocupação: este ano, a cidade registrou 55 casos da doença. Em uma população de 65 mil habitantes, isso significa uma proporção de 7 habitantes infectados para cada 10 mil pessoas. De acordo com o coordenador da Vigilância Sanitária do município, Eduardo Puncel, o problema decorre do consumo, por parte da população de Rio Largo, da carne de animais contaminados oriundos de Viçosa, onde alguns criadores ainda utilizam a cama aviária.