No sertão é assim: João Lyra (PTB) para governador, Celso Luiz (PMN) para vice, Fernando Collor (PRTB) para senador e Lourdinha Lyra para deputada federal. Esse é o “chapão” para a eleição majoritária em 2006, lançado pelos sertanejos.
No sertão é assim: o deputado federal João Lyra (PTB) para governador, o deputado estadual Celso Luiz (PMN) para vice, o ex-presidente Fernando Collor (PRTB) para senador e a vice-prefeita Lourdinha Lyra para deputada federal.
Esse é o “chapão” para a eleição majoritária em 2006, lançado no sentido inverso da história, ou seja, do interior para a capital.
O “chapão” foi formado no condicional; se o senador Renan Calheiros (PMDB) desistir de ser candidato ao governo do Estado. Mas, ainda que a desistência do senador esteja cada vez mais se consolidando, seria dificílimo reverter o quadro – o que começou sob condição tornou-se irreversível.
“O deputado Celso Luiz é a maior liderança do sertão e tem de ser ouvido”, disparou o vereador Fernando Aldo, de Delmiro Gouveia, lembrando que o presidente da Assembléia Legislativa tem o apoio de 80% da região.
A demora do senador Renan Calheiros em se decidir sobre o processo sucessório em 2006 é motivada pela condição atual – é presidente do Senado e do Congresso Nacional; e também pela chance de vir a ser o candidato a vice-presidente da República em qualquer das duas chapas principais; tanto pode ser o vice de Lula na tentativa de reeleição, como de José Serra – ele foi ministro da Justiça no governo do PSDB.
Embora seja franco atirador – seu mandato vai até 2010 – Renan não quer se aventurar na disputa pelo governo do Estado.
Assessores mais próximos garantem que o senador não será candidato a governador; a única possibilidade de ele sair é no caso de ser indicado candidato de consenso, numa composição envolvendo todas as forças políticas.
O senador até já conversou com o deputado João Lyra, mas os dois não se entenderam; eles procuram o mesmo lugar e não discutem a possibilidade da vice-governadoria.
E como Renan não lhe disse sim nem não, João Lyra decidiu colocar a campanha na rua; quer influenciar a eleição para a Câmara de Vereadores de Arapiraca, o que representa uma derrota para o senador.
O deputado João Lyra deu outra demonstração de que não está brincando de ser candidato; ele se aproximou do deputado Celso Luiz, que tem a reeleição garantida, mas trabalha para ser indicado vice-governador.
Lyra sabe que para penetrar no sertão precisa de um guia de prestígio; além dos adversários políticos, ele enfrenta em Delmiro Gouveia uma disputa de ordem familiar – seu irmão, Carlos Lyra, é dono da fábrica de tecidos e de uma emissora de rádio; e é aliado do governador Ronaldo Lessa.
O “chapão”, com exceção do deputado Celso Luiz, representa a oposição histórica ao governo estadual; a candidatura do ex-presidente Fernando Collor ao Senado, embora ele diga que não vai disputar cargo algum, é alimentada também como revanche de 2002 – naquela eleição, Collor enfrentou Ronaldo Lessa para o governo do Estado e perdeu.
Além disso, tem uma outra tentação própria do estilo Collor – se ele se eleger senador, será o primeiro ex-presidente da República a chegar ao Senado eleito pelo Estado de origem; Jucelino Kubsteck, mineiro, foi senador por Goiás e José Sarney, maranhense, é senador pelo Amapá.
As composições políticas no sertão envolvem também a Câmara Federal; a vice-prefeita Lourdinha Lyra deve disputar uma das nove vagas.
E chegam à Assembléia Legislativa, com a disposição do ex-prefeito Luiz Carlos Costa (Lula Cabeleira) de disputar uma vaga de deputado estadual – ele quer substituir a filha Ziane Costa, que deve ser candidata à Prefeitura de Delmiro Gouveia em 2008.
Quem pensar que o processo sucessório em Alagoas está em compasso de espera, pode ser surpreendido pelos acontecimentos; os fatos registrados em Arapiraca, quando o esquema montado pelo prefeito Luciano Barbosa foi desfeito em menos de 48 horas, são indicadores do que está sendo conduzido nos bastidores.
Se o prefeito Luciano Barbosa quiser desatar o nó dado em Arapiraca, primeiro, terá de localizar os sete vereadores que debandaram; e não perder de vista os seis que ficaram.