Mesmo depois de já ter publicado um artigo em que defendia o "sim" no referendo de amanhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou por duas vezes ontem declarar se vai votar a favor ou contra a venda de armas no país.
Mesmo depois de já ter publicado um artigo em que defendia o "sim" no referendo de amanhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou por duas vezes ontem declarar se vai votar a favor ou contra a venda de armas no país.
"O voto não é secreto?", falou Lula, depois de ser questionado se votaria "sim" ou "não". Antes, já havia se esquivado da questão de um repórter sobre o tema. "Primeiro me diz em quem você vai votar", disse o presidente a um repórter, que respondeu a Lula que não era de Brasília e por isso não votaria amanhã.
Lula não deu entrevista e respondeu às duas perguntas de passagem, e de longe, durante uma cerimônia na Base Aérea de Brasília, para comemorar os 99 anos do vôo do 14 Bis, de Santos Dumont, em Paris (França).
Mas, se Lula evitou declarar o voto no referendo, a primeira-dama, Marisa Letícia, indicou que votará no "sim", pela proibição da venda de armas no país. Antes de entrar no carro para ir embora da cerimônia, Marisa fez um sinal de dois, com os dedos, número do "sim" no referendo. O número do "não", contra a proibição, é o um.
Há menos de duas semanas, no domingo retrasado, a Folha publicou artigo de Lula em que defendia o voto no "sim". No texto, falou que a campanha de recolhimento de armas de seu governo levou à primeira queda nas mortes por armas de fogo em 13 anos. "O suposto benefício representado pela posse de arma de fogo está muito abaixo dos incontáveis malefícios que ela produz. O desarmamento é medida valiosa para a salvação de muitas vidas preciosas", dizia o texto.
Além desse artigo assinado pelo presidente, várias autoridades do governo, como o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, já manifestaram posição favorável ao voto no "sim".
Uma das preocupações da frente que defende a proibição do comércio de armas e munições no país é justamente que a população confunda o governo –que atravessa sua pior crise –com o seu lado e vote no "não" como forma de punir Lula.