A dica de língua portuguesa de hoje trata da regência do verbo "agradar".
“Para a senadora, isso está ocorrendo porque o governo federal nega recursos para obras de infra-estrutura, com o objetivo de acumular superávit para agradar os banqueiros.”
O texto reproduzido acima foi extraído de notícia relativa a discurso da senadora Heloísa Helena em que sugere à população que realize um protesto contra o presidente dos EUA, George W.Bush, que visitará o Brasil nos dias 5 e 6 de novembro.
A construção escolhida pelo redator no trecho “agradar os banqueiros” é bastante comum, mas não é a mais adequada do ponto de vista da norma culta do idioma.
O verbo “agradar” empregado no sentido de “fazer agrados ou carícias” é, sem dúvida, transitivo direto (não requer a preposição “a” em seu complemento). Assim: “A moça agradava o gato enquanto o namorado tocava piano”.
Ocorre, entretanto, que, no sentido de “ser agradável”, o verbo é, de acordo com a tradição, transitivo indireto (seu complemento deve ser introduzido pela preposição “a”).
Veja, abaixo, o texto reformulado:
Para a senadora, isso está ocorrendo porque o governo federal nega recursos para obras de infra-estrutura, com o objetivo de acumular superávit para agradar aos banqueiros.