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Sífilis é desafio à saúde pública, diz especialista

A sífilis congênita, doença adquirida pelo bebê durante a gestação, representa um desafio à saúde pública do Brasil, avaliou hoje o ginecologista e obstetra Mauro Romero, diretor científico da Sociedade Brasileira de DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis).

A sífilis congênita, doença adquirida pelo bebê durante a gestação, representa um desafio à saúde pública do Brasil, avaliou hoje o ginecologista e obstetra Mauro Romero, diretor científico da Sociedade Brasileira de DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis).

Segundo a Coordenação Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, existem 900 mil casos novos da doença por ano no país. Mauro Romero afirmou que somente a partir de uma conscientização geral é que se poderá vencer essa doença. Essa mobilização, indicou o especialista, envolve a educação da população – desde a gestante, através da realização do exame pré-natal e do teste sorológico para sífilis, até os médicos e os gestores da saúde pública.

A taxa de incidência da sífilis no Brasil é cerca de 16 vezes superior à preconizada pela Organização Mundial da Saúde. Isso significa "um caso de sífilis congênita para cada mil nascidos vivos", explicou Romero. Ele destacou a necessidade de os profissionais "atentarem para o fato de que a sífilis na gravidez é uma urgência médica, com risco de vida", porque 40% das mulheres não tratadas durante a gravidez passam o problema para o bebê. As conseqüências, acrescentou, "vão do aborto nos primeiros meses até o bebê nascer vivo com sífilis, ou já nascer morto pela sífilis".

O especialista, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), informou que a Medicina não conhece ainda quando se dá o momento da transmissão da mãe para o bebê. Por isso, "quanto mais rápido atuar, melhor". Além de os médicos cobrarem, na primeira consulta, que o resultado do teste seja apresentado rapidamente, os gestores devem dar condições de acesso da população a esse exame, propôs. Romero também destacou o papel da mídia, para dar visibilidade às necessidades de mudança nessa área. A realização desse trabalho conjunto, acrescentou, levaria à redução do nível de sífilis congênita no Brasil em dois ou três anos.

Essa situação, na avaliação de Romero, reflete a falta de organização da saúde pública brasileira "porque a sífilis congênita é uma doença-sentinela: quando ela existe, revela ser medíocre o poder de saúde pública, que vai desde o poder público, passando pelo poder privado e pela mídia". Ele esclareceu que o diagnóstico custa R$ 5 e o tratamento, à base de penicilina, até R$ 30.

Hoje, o Hospital Universitário Antonio Pedro, da UFF, ofereceu o Dia de Teste para Sífilis em Gestantes. Romero é presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Niterói e membro da diretoria da Fundação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.