A dica de língua portuguesa de hoje trata do correto uso dos pronomes pessoais do caso oblíquo.
“Numa partida em que se encontravam Lampião, Luiz Pedro, Maria Bonita e Sabonete, o cangaceiro soltou palavrões e foi recriminado por Luiz Pedro, que o chamou a atenção para a presença de Maria Bonita na mesa.”
A passagem reproduzida acima foi extraída de uma reportagem sobre os chamados “caçadores de cangaceiros” que conseguiram capturar Lampião.
O trecho em questão faz referência direta a Luiz Pedro, cangaceiro do bando de Lampião que teria censurado outro integrante do grupo pelo fato de este dizer palavrões diante de uma mulher, no caso Maria Bonita.
O redator, ao afirmar que Luiz Pedro chamou a atenção do cangaceiro mal-educado, cometeu um pequeno deslize gramatical. Observe a construção “que o chamou a atenção”. O pronome “o” exerce, normalmente, a função de complemento objeto direto. Assim: “Chamou-o”, “Ajudou-o”, que equivalem a dizer “Chamou alguém” ou “Ajudou alguém”.
No texto, aquilo que foi chamado, isto é, o objeto direto do verbo “chamar” é a expressão “a atenção”. No lugar em que foi empregado o pronome “o”, caberia o pronome “lhe”, que, nesse caso, exprimiria o mesmo que o pronome possessivo “seu” (“chamou a sua atenção”). Em outras palavras, a atenção de alguém (a sua atenção) foi chamada.
Veja, abaixo, a correção do fragmento:
Numa partida em que se encontravam Lampião, Luiz Pedro, Maria Bonita e Sabonete, o cangaceiro soltou palavrões e foi recriminado por Luiz Pedro, que lhe chamou a atenção para a presença de Maria Bonita na mesa.