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Professores universitários e governo negociam o fim da greve

Representantes dos professores universitários, em greve desde o dia 15 de agosto, e do governo federal têm mais uma reunião na sexta-feira para negociar o fim da paralisação.

Brasília – Representantes dos professores universitários, em greve desde o dia 15 de agosto, e do governo federal têm mais uma reunião na sexta-feira para negociar o fim da paralisação.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, ressalta que o movimento "está se aproximando de um desfecho". De acordo com ele, o governo federal já assegurou R$ 500 milhões de reais para o aumento dos professores. Fato que, segundo o ministro, representa uma conquista histórica para a categoria.

"A nossa primeira oferta foi de R$ 395 milhões. Após a contestação por parte do sindicato, o próprio presidente Luis Inácio Lula da Silva se envolveu e garantiu R$ 105 milhões, compondo a oferta que foi feita. Eu friso que desde que existe o Real, esta é a proposta mais avançada que foi feita desde então. Estamos garantindo conquistas históricas para o movimento sindical", argumentou Haddad.

O vice-presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Paulo Rizzo, afirma que o montante ainda é insuficiente e não acabará com a necessidade de complementação do salário base dos professores, que varia entre R$ 900 e R$ 5 mil (acrescidos de gratificações). De acordo com ele, a baixa remuneração foi um dos motivos que levou a categoria a entrar em greve.

"Pedimos reajuste de 18% no vencimento básico. Também solicitamos a equiparação da Gratificação de Estímulo à Docência (GED) e da Gratificação Específica de Atividade Docente (Gead). Dessa forma, teremos paridade entre ativos e aposentados. Também reivindicamos a volta dos anuênios, extintos desde 1998, além de concursos públicos para preenchimento de cargos", acrescentou Rizzo.

O professor Manoel Cruz, mais conhecido como Maneca, dá aulas para o curso de Educação Física na Universidade Federal do Rio Grande (RS) há mais de 20 anos. A opção pela carreira é quase uma tradição familiar: pais, irmãos e tios são professores de universidades públicas.

Maneca, que já concluiu o curso de mestrado, trabalha oito horas por dia e recebe um salário base de R$ 900. Com gratificações, o professor recebe R$ 3,5 mil por mês. Esse dinheiro sustenta a esposa, que está desempregada, e três filhos.

"Cerca de 80% do meu vencimento é formado por gratificações. Mas isso tem conseqüências no futuro, porque perdemos esta vantagem quando aposentamos. Além disso, o reajuste no vencimento básico é bem menor que o reajuste no total de vencimentos", explicou.