A dica de língua portuguesa de hoje mostra por que é inadequado o emprego da expressão "três vezes menos".
“Governo de Zeca do PT pagou R$ 8,9 milhões por computador que custaria quase três vezes menos”
A frase reproduzida acima é um subtítulo de reportagem publicada recentemente na revista “IstoÉ” acerca do possível envolvimento do governador de Mato Grosso do Sul em irregularidades administrativas, entre as quais a compra de um computador por um valor muito superior àquele verificado no mercado.
O redator afirma que o supercomputador que custou R$ 8,9 milhões aos cofres do Estado de Mato Grosso do Sul custaria no mercado “três vezes menos”. O difícil agora é fazer essa conta. Se uma vez menos, matematicamente falando, já resultaria em zero, que dizer de três vezes menos?
A expressão é ouvida repetidas vezes e é preciso admitir que, apesar de matematicamente desastrada, é compreendida pelos usuários da língua. O que a torna problemática é o fato de fixar um erro de raciocínio: é tratado como multiplicação o que deveria ser tratado como divisão. Se alguém paga R$ 9 milhões por aquilo que deveria custar R$ 3 milhões, podemos dizer que a pessoa pagou o triplo do verdadeiro custo ou, de outro ponto de vista, que o objeto custa um terço do valor pelo qual foi comprado.
Veja, abaixo, o texto reformulado:
Governo de Zeca do PT pagou R$ 8,9 milhões por computador que custaria quase um terço desse valor