O senador Renan Calheiros (PMDB) não resiste apenas em se definir se é ou não candidato ao governo do Estado; ele também vem se recusando a discutir a formação do bloco anti-João Lyra (PTB), que assumiu a liderança da oposição em Alagoas.
O senador Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado, não resiste apenas em se definir se é ou não candidato ao governo do Estado; ele também vem se recusando a discutir a formação do bloco anti-João Lyra (PTB), que assumiu a liderança da oposição em Alagoas e já anunciou que é candidato à sucessão do governador Ronaldo Lessa (PDT).
Esta semana, em conversa com lideranças políticas alagoanas o senador manteve a mesma posição de somente discutir a sucessão no Estado a partir de janeiro.
Mas, não se trata de hesitação; aos mais próximos, Renan traça o quadro político com várias variantes – uma delas é a possibilidade de sair candidato a vice-presidente da República; outra é a incerteza quanto ao julgamento do governador Ronaldo Lessa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No começo do ano, o deputado João Lyra e o senador Renan Calheiros chegaram a se encontrar; o deputado queria saber do senador se ele era candidato a governador e Renan desconversou.
Isto foi suficiente para Lyra detonar a campanha; depois de comunicar a Renan que iria disputar o governo do Estado e que havia se preparado para isso, o deputado colocou a campanha na rua e assumiu a liderança da oposição.
Convencido de que Renan será candidato, o senador Téo Vilela (PSDB) reluta em assumir a candidatura; ele chegou a ser lançado como candidato a governador, durante o encontro municipal do PSDB, no Pilar, em agosto passado, e até fez discurso sinalizando que aceitava a indicação, mas não se adiantou.
“Eu estou esperando pelo senador Renan Calheiros”, voltou a declarar.
A formação do bloco anti-João Lyra tem um complicador; vários deputados estaduais já se comprometeram com ele e dificilmente voltarão atrás.
O deputado Celso Luiz (PMN), presidente da Assembléia Legislativa e a maior liderança política sertaneja, não abre mão da candidatura a vice-governador e a sua decisão estabelece conflitos com idêntico desejo de lideranças de Arapiraca, que insistem em indicar o vice.
A possibilidade de o senador Renan Calheiros vir a ser escolhido para vice-presidente da República na chapa do PSDB passa pelo desempenho do governo Lula; se o presidente reverter o quadro político desfavorável e evitar o desgaste causado pelas denúncias de corrupção no governo, o PSDB terá de encontrar um nome de peso capaz de neutralizar o candidato petista em Pernambuco, sua terra natal.
A chance de ele vir a ser vice-presidente na chapa de Lula não embala o senador nem seus correligionários; no confronto com José Serra, de acordo com as pesquisas, Lula perde a eleição e a derrota previamente anunciada incomoda o presidente do Senado.
“O Renan vive uma situação aparentemente confortável; é hoje um nome de peso na política nacional, tem prestígio, mas as opções que se colocam para exigem muita paciência e competência no momento de decidir”, disse um deputado federal que não integra seu grupo.
Da questão nacional para os problemas em nível estadual, com a indefinição sobre o julgamento do processo do governador Ronaldo Lessa no TSE.
Renan tem afirmado que “é um processo complicado” – ele se baseia no fato de o TSE sempre acompanhar a decisão do TRE, quando o escore é unânime. Se o resultado for mantido, Renan já tem candidato ao Senado – é o próprio irmão, o deputado federal Olavo Calheiros (PMDB).