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Crédito fácil aumenta inadiplência

O fácil acesso aos empréstimos – com altas taxas de juros –, e a disseminação das compras a prazo, realizadas em datas comemorativas como o Dia dos Namorados e dos Pais, contribuíram para estimular a população a gastar mais sem ter como pagar.

A facilidade de obtenção de crédito aumentou a inadimplência e o endividamento do consumidor, segundo dados da Serasa – empresa de consulta e proteção ao crédito – e a Fecomércio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo). O fácil acesso aos empréstimos – com altas taxas de juros –, e a disseminação das compras a prazo, realizadas em datas comemorativas como o Dia dos Namorados e dos Pais, contribuíram para estimular a população a gastar mais sem ter como pagar.

Em outubro, o número de cheques devolvidos, segundo a Serasa, chegou a 19,7 a cada mil compensados, representando a segunda maior marca de cheques sem fundos desde 1991 – ano de criação do estudo. O índice fica abaixo somente do registrado em março deste ano, quando, a cada mil cheques, 20,8 foram apresentados sem fundos.

Os cheques sem fundos em outubro deste ano cresceram 15,9% se comparado com o mesmo mês do ano passado. Em outubro de 2004, foram devolvidos 17 cheques a cada mil compensados. Em relação a setembro deste ano, houve aumento de 1,5% no índice, saltando, assim, de 19,4 cheques devolvidos por falta de fundos para 19,7 a cada mil.

O assessor econômico da Serasa Carlos Henrique de Almeida explica que esse aumento é sazonal e reflete as compras realizadas a prazo. “Em 2005, o consumidor está endividado com crédito como empréstimo consignado em folha de pagamento, linhas em cartão, cheques e carnês.”

Estimulado por linhas de crédito, o consumidor partiu para as compras e entrou no cheque especial e nos empréstimos. Segundo a PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) da Fecomércio-SP, realizada com mil consumidores da Região Metropolitana, o número de endividados subiu para 63% em novembro deste ano contra 59% registrados em outubro. Em novembro de 2004, o índice foi de 65%.

Para Fabio Pina, assessor econômico da Fecomércio-SP, embora índice tenha apresentado alta em novembro, houve queda entre agosto e outubro – de 67% para 59%. “Agora a tendência é aumentar por conta do volume de crédito. Com o 13º salário, os consumidores começam a quitar dívidas e a comprar a longo prazo novamente”, diz. Os dados da Fecomércio-SP mostram ainda que em novembro 39% dos consumidores apresentam dívidas com algum tipo de atraso.

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O presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura, diz que o quadro de inadimplência e endividamento apresentado em nível nacional pode ser estendido ao comércio de São Bernardo. “O Grande ABC não é diferente do Brasil como um todo.”

Para Moura, esses problemas podem ser evitados com o planejamento dos gastos por parte dos consumidores. “Os clientes compram com linhas de crédito e não tem racionalidade para saber se pode pagar. Não faz cálculos da dívida”, explica.

Segundo o gerente administrativo da ACE-Diadema (Associação Comercial e Empresarial de Diadema), Marcos Vicente, a consulta aos serviços de proteção ao crédito impedem o aumento de endividamento. “As consultas ao SPC e à Serasa têm aumentado para prevenção.”