A manhã – na sede da Polícia Federal, em Jaraguá – foi de reuniões, poucas informações e sigilo absoluto. Mas, oficialmente, a única certeza declarada pelo delegado Joacir Avelino é que hoje não foi o dia em que a PF entraria no Caso Fidélis. Motivo: Avelino informou que o superintendente Rogério Cotta não recebeu nenhum pedido do Ministério da Justiça, nem da Secretaria de Defesa Social de Alagoas.
O nome mais cogitado para as investigações – caso a PF presida o inquérito do assassinato de Fernando Fidélis – é o do próprio delegado Joacir Avelino, mas Cotta disse que só designaria um delegado quando fosse oficialmente informado da decisão do Ministério da Justiça.
O pedido para que a PF passe a conduzir as investigações do fazendeiro assassinado dentro do presídio Baldomero Cavalcante, enquanto cumpria pena por envolvimento com a gangue fardada foi feito pelo próprio governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PDT).
Segundo Lessa, a preocupação é manter a isenção do Estado nas linhas investigativas, uma vez que, pessoas de confiança da Secretaria de Defesa Social, como é o caso do ex-secretário de Ressocialização, Valter Gama, que teve prisão preventiva decretada, acusado de atrapalhar as investigações.
Gama teve prisão revogada devido habeas-corpus e se encontra em liberdade. Outros citados foram o diretor do Baldomero Cavalcante Jair Macário (que se encontra preso na sede do Tático Integrado Grupo de Resgate); o diretor de disciplina Mario Jorge; o chefe da guarda do Baldomero Cavalcante; José Jorge Oliveira e o agente penitenciário Cristiano Ferreira (estes detidos na carceragem da Polícia Federal).
Reunião
Cotta passou toda manhã de hoje reunido com o delegado Rogério Caetano. Não se sabe o que foi discutido no encontro, mas – segundo fontes – um dos principais pontos de pauta era o caso Fidélis. O juiz da Vara de Execuções Penais, Marcelo Tadeu, chegou na PF às 10 horas. Falou pouco com a imprensa. Dirigiu-se ao balcão de informações da PF e perguntou onde acontecia a reunião entre Cotta e Caetano.
O juiz saiu da reunião às 11 horas e não comentou do que foi tratado com ele. Limitou-se a dizer que esteve na sede da Polícia Federal por motivos pessoais, ou seja, “uma viagem que iria fazer”. Quanto ao caso Fidélis, ele respondeu: “não tenho informações nenhuma sobre isto. Este caso agora é com o Ministério Público e as autoridades policiais. Eu cuido do sistema penitenciário, em relação às execuções penais”.
Indagado sobre a coincidência de ter falado com os delegados justamente no momento em que eles estavam em uma reunião de portas fechadas, Marcelo Tadeu voltou a afirmar que não tinha informações sobre caso Fidélis. O delegado Joacir Avelino informou que não há previsão para que a PF entre no caso. “Tudo depende do Ministério da Justiça encaminhar o pedido oficial para o superintendente Rogério Cotta”.