Categorias: Política

A eleição presidencial já começou, diz Lula sobre denúncia do "mensalão"

O presidente Lula atribuiu as denúncias sobre corrupção no governo federal a motivações políticas. "Muito do que está acontecendo é porque já começou a eleição presidencial", afirmou hoje o presidente em entrevista concedida a emissoras de rádio.

O presidente Lula atribuiu as denúncias sobre corrupção no governo federal a motivações políticas. "Muito do que está acontecendo é porque já começou a eleição presidencial", afirmou hoje o presidente em entrevista concedida a emissoras de rádio.

Em uma pergunta, foi lembrado que Lula afirmou não saber da mensalão quando a denúncia foi divulgada pelo jornal "Folha de S.Paulo". O presidente respondeu dizendo que há três maneiras de saber o que foi acertado em uma reunião: ou participando da reunão, ou ouvindo de alguém que esteve nela ou pela imprensa. O trabalho do governante, segundo ele, é ouvir e apurar, quando houver indícios.

"Se houver indício de provas, elas serão investigadas", afirmou Lula. O presidente lembrou o caso de uma denúncia de haveria pedofilia em um colégio paulistano, a Escola Base. "Quem é de São Paulo vai lembrar uma coisa que eu vou contar aqui: a Escola Base. Destruíram a Escola Base, destruíram a família… E eles eram inocentes."

O presidente afirmou que "o governo não pode fazer um carnaval ao ouvir uma denúncia, tem que ver se há indício". "A CPI terminou o trabalho sem provar se houve mensalão."

2006
Lula voltou a negar que tenha decidido se candidatar à reeleição no próximo ano.
"Ainda tenho um ano e um mês de mandato para cumprir. Eu não tenho que decidir agora se eu sou candidato ou não. Quem tem que decidir [se será candidato] são meus adversários, que estão batendo cabeça por aí", afirmou. "No momento certo eu vou dizer se sou ou não sou [candidato]."

Palocci
O presidente também negou que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, deixará o governo. "Por que eu iria mexer no Palocci? Seria a mesma coisa que pedir para o Barcelona tirar o Ronaldinho", afirmou Lula.

Lula voltou a elogiar o desempenho do ministro. "O Palocci é uma figura extremamente importante nesse momento político e econômico do Brasil. O Palocci foi convidado por mim, continuará e será o meu ministro da Fazenda. Isso não tem discussão, especulação", afirmou. "Quem quiser especular que vá para a Bolsa de Valores, não faça isso com o nome de ministros".

Segundo o presidente, Palocci é um homem "calculista" que transmite para os investidores tranqüilidade em relação à condução econômica. "O Palocci é um homem de uma competência acima da média das pessoas que já passaram pela Fazenda no Brasil", disse.

Ele amenizou as divergências entre Palocci e a ministra da Casa Civil, Dilma Rouseff. "Eu não posso cercear as pessoas por terem divergências. A divergência é salutar. Eu prefiria que as discussões fossem em uma mesa como essa. Aliás, como essa não, que está sendo transmitida pelo Brasil inteiro. Tudo começa com propostas, quando um ministro traz uma proposta para discussão", declarou.

Economia
Segundo o presidente, o Brasil encontrou o caminho do "desenvolvimento duradouro". Para Lula, o governo está "consolidando uma perspectiva de tratar as questões econômicas com seriedade".

O presidente afirmou que o governo tem feito "um jogo" bom para o país. Ele lembrou que a política adotada está permitindo o aumento das exportações e do mercado interno e o crescimento econômico com inflação baixa.

Caso Celso Daniel
Para Lula, o assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel não teve motivação política. "Tenho a convicção de que a morte do Celso Daniel foi um acidente e foi um crime comum. Não acredito em crime político em hipótese alguma", afirmou Lula na entrevista.

Para o presidente, Celso Daniel foi o melhor administrador público do país e sua morte tem sido usada politicamente pelo Ministério Público. "Lamentavelmente, uma parte do Ministério Público de São Paulo, toda vez que vai chegando a eleição, levanta esse caso".

Lula disse que baseia sua convicção no resultado das investigações da Polícia Federal e da Polícia Civil de São Paulo. Ele destacou que na época do assassinato não estava no governo e que solicitou ao então presidente Fernando Henrique Cardoso para que a PF investigasse o caso. Mas Lula não descartou a possibilidade de mudanças no resultado das apurações. "Se amanhã descobrirem que não foi crime comum, todos nós vamos mudar nossa versão, mas o que eu tenho agora é o resultado final da Polícia Civil e da Polícia Federal".

Esperança
O presidente terminou a entrevista dizendo que os brasileiros não podem perder a esperança, lembrando o slogan de sua campanha em 2002. "A vida humana é tão bonita e tão curta que não há tempo para a gente ser pessimista, não há tempo para a gente perder a esperança", afirmou. "Eu não me conformo de o Brasil continuar sendo um país emergente. Nós temos que ser um país desenvolvido", concluiu.