A dica de língua portuguesa de hoje trata do correto emprego das grafias "porque", "porquê", "por que" e "por quê".
“Atores e produtores estão encantados com a cidade a hospitalidade do seu povo. Qual o por quê, então da hostilidade?”
O trecho selecionado para o comentário de hoje foi extraído do jornal “Tribuna de Alagoas”. O articulista, em tom de indignação, reclama de críticas ao apoio dado pelo governo do Estado à produção do filme “Muito Gelo e Dois Dedos d’Água”, que, ambientado em Alagoas, é dirigido por Daniel Filho.
O jornalista explica à população que o apoio do governo do Estado ao projeto não implicou gasto de dinheiro em espécie. Embora tenha sido claro ao transmitir a informação, fez confusão na hora de grafar o “porquê”. Aliás, quem nunca teve dúvida sobre esse assunto que atire a primeira pedra! São quatro grafias diferentes, o que deixa muita gente verdadeiramente perdida: “porque” (a conjunção), “porquê” (o substantivo), “por que” (equivalente a “pelo qual”, “por qual”, “a razão pela qual”, “por que motivo”) e “por quê” (equivalente a “a razão pela qual”, “por que motivo”, mas em posição tônica, ou seja, antes da pontuação).
Ao indagar “qual o porquê da hostilidade”, o redator deveria ter empregado o substantivo, sinônimo de “motivo” (“Qual o motivo da hostilidade?”). A forma “porquê” é uma substantivação da conjunção “porque”. É o mesmo processo que ocorre com a conjunção “porém” em uma frase como a seguinte: “Há um porém”, cujo sentido é o de haver uma ressalva.
Explicações mais detalhadas sobre o tema podem ser encontradas na coluna “Noutras Palavras”, que assino na página de educação da Folha Online (http://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/noutraspalavras/ult2675u19.shtml).
Abaixo está a correção do fragmento selecionado (observe a colocação das vírgulas e a repetição da preposição “com”):
Atores e produtores estão encantados com a cidade e com a hospitalidade do seu povo. Qual o porquê, então, da hostilidade?”