O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem no Rio que poupará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu governo de ataques caso seja o escolhido do partido para disputar a eleição presidencial.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem no Rio que poupará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu governo de ataques caso seja o escolhido do partido para disputar a eleição presidencial.
Em entrevista após participar de almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro, Alckmin afirmou que ainda não é candidato à sucessão, mas que, se fizer campanha, falará ao eleitor sobre o futuro, não sobre o passado.
"Falar mal dos outros não quer dizer que a gente seja melhor. Não é esse o caminho. Claro que quem é oposição tem o dever de fiscalizar, de se indignar diante do que está errado, tem o dever de apontar caminhos. Mas eu, se for candidato a presidente da República, não vou fazer campanha falando mal nem do Lula nem do PT nem do governo", disse o governador.
Embora não tenha assumido que gostaria de ser o indicado pelo PSDB para a disputa presidencial, Alckmin agiu o tempo inteiro como pré-candidato.
Aos cerca de 400 empresários e políticos presentes ao evento promovido pela Associação Comercial, o governador falou sobre o que imagina ser preciso fazer para melhorar a economia do país e abordou temas que preocupam a sociedade, como a violência.
Depois, ele deu entrevista e seguiu para a rádio Tupi AM, uma das mais ouvidas do Rio. Ir a um programa radiofônico de uma emissora de perfil popular como a Tupi faz parte da estratégia de Alckmin de se tornar mais conhecido na região metropolitana fluminense. O governador disse na entrevista que, na campanha, pretende não dar tanta importância ao passado.
"Eu vou apontar o futuro. Quais são as dificuldades e aquilo que enxergo de forma realista e com sonhos. Sonhos e capacidade de ação para superá-las", afirmou.
Assuntos relacionados ao governo Lula serão abordados na campanha, mas não de forma prioritária.
"Não vejo problema de você apontar possíveis erros. [Mas] você não faz uma campanha baseado nisso. Posso mostrar equívocos, não tem problema.
[Mas] não pretendo fazer como questão central, focado nem no presidente nem no governo dele. Mas focado no futuro", disse.
O governador declarou que tem estudado os problemas brasileiros e acha que há chances de o país dar um "salto de qualidade".
"É importante você se preparar. Eu estudo com enorme afinco as questões do Brasil. [O compositor] Tom Jobim [1927-1994] dizia: "O Brasil não é país para amadores". (…) Política é arte e ciência do encontro do bem comum. Arte é dom, precisa gostar, gostar de gente. Ciência é dedicação.
As questões são complexas, não tem mágica. Mas há possibilidade de darmos um grande salto."
Como tem feito regularmente, Alckmin voltou a fugir de respostas objetivas quando questionado se pensa em concorrer à Presidência.
Repetiu que o PSDB tem "bons nomes", citando aqueles que são apontados como seus principais adversários na disputa interna, o prefeito de São Paulo, José Serra, e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. "É bom você ter várias opções. O partido refletir, ouvir a sociedade", disse.
Caso seja ele o escolhido, e se ganhar a eleição, Alckmin reafirmou que se sentirá "muito honrado" por ter a oportunidade de "servir ao Brasil".
Ele disse que no início de janeiro o partido deverá escolher seu candidato.
"Não há razão para decidir isso agora. Portanto, agora é ouvir, expor idéias, debater. Definição de candidatura é no início do ano que vem.
Mas eu vou ficar muito honrado se eu puder servir ao Brasil, trabalhar pelo nosso país. Acredito no nosso Brasil. Acho que o país está maduro", afirmou o governador paulista, para quem "política é destino".