Promotores querem investigar envolvimento de Dirceu no esquema de corrupção em Santo André

Os promotores que investigam a morte do ex-prefeito Celso Daniel foram ouvidos hoje (30) na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos durante cerca de cinco horas. No depoimento, eles revelaram detalhes sobre as apurações a respeito do esquema de corrupção montado durante a gestão do petista na prefeitura de Santo André.

De acordo com promotores, o dinheiro arrecado com empresários da cidade era enviado ao PT, para financiamento de campanhas eleitorais, com o possível conhecimento do então presidente do partido, o deputado José Dirceu (SP). "Em julho de 2002, nós pedimos que a participação dele fosse investigada. Como ele era deputado, tinha foro privilegiado. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, não permitiu abertura de inquérito por considerar que não havia provas suficientes", lembrou o promotor do Ministério Público de São Paulo, Roberto Wider, que não concordou com a decisão de Jobim.

"Se o deputado for cassado, nós pretendemos estudar e verificar a possibilidade de prosseguir essa investigação a respeito da participação de José Dirceu como receptor dos recursos oriundos de corrupção em Santo André", acrescentou o promotor.

Wider contou que, para justificar uma investigação sobre Dirceu, o Ministério Público utiliza os depoimentos dos irmãos de Celso Daniel. Eles contaram aos promotores sobre uma conversa com o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho. Nessa conversa, Carvalho teria reconhecido a existência do esquema de arrecadação ilegal de recursos para o PT e admitido que o destinatário do dinheiro era o presidente do partido, deputado José Dirceu.

O parlamentar é acusado pelos promotores de tentar pressioná-los nos sentido de encerrar as investigações sobre o assassinato de Daniel e sobre o esquema de corrupção. "Houve uma pressão dele. Quando somos ofendidos por autoridade do país, isso é uma forma de pressão. O mais grave para mim foi ele ter nos chamado de Gestapo, a polícia nazista", apontou Wider.

O promotor também criticou a atuação do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), nas investigações sobre a morte de Celso Daniel. "Ele ouvia testemunhas antes que elas dessem depoimento na polícia e temos relatos de que tentava orientá-las", acusou. "Apesar de estar no processo como observador da Câmara, o deputado agiu de acordo com os interesses do partido e não teve uma atuação passiva, como deveria", acrescentou.

Fonte: Agência Brasil

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