A dica de língua portuguesa de hoje trata do correto emprego da palavra "onde".
“Diante disso, Fernando Lira observa que há uma evasão muito grande de recursos ilegais no País. Onde o empresário ou o político que está com R$ 30 milhões ou R$ 40 milhões, para transformar em dinheiro legal, muitas vezes lava o dinheiro investindo em empresas.”
O fragmento escolhido para o comentário de hoje, publicado no jornal “Tribuna de Alagoas”, apresenta dois problemas.
O mais simples é a regência do substantivo “evasão”, que admite complementos introduzidos pelas preposições “de” e “para”, ou seja, ocorre uma evasão de um lugar para outro.
O segundo problema, que parece mais grave, é o emprego do advérbio de lugar “onde”. O termo aparece no texto sem nenhuma função. O redator fez uso do “onde” como elemento de coesão entre duas frases que não guardam entre si uma relação de lugar. A segunda frase contém uma explicação da primeira. Afirma-se que há evasão de recursos e, em seguida, explica-se o procedimento de “lavagem de dinheiro”.
Nesse caso, bastaria retirar do período o termo “onde”. A seqüência das orações, por si só, garante a coesão do texto. Use “onde” apenas para indicar lugar. Assim: “Este é o lugar onde nasci”, “Este é o lugar para onde eu vim”.
Abaixo, uma proposta de reformulação do texto:
Diante disso, Fernando Lira observa que há uma evasão muito grande de recursos ilegais do País. O empresário ou o político que tem R$ 30 milhões ou R$ 40 milhões para transformar em dinheiro legal, muitas vezes, lava esse dinheiro investindo em empresas.