Somente agora, 25 anos depois, tive acesso à entrevista de Sean Lennon explicando o assassinato de seu pai, John, e culpo-me pelo atraso; devo ter vivido alheio ou fui mesmo preconceituoso em relação ao primogênito de meu ídolo-maior. Pesou-me a afirmação anterior de Sean sobre o pai, a quem chamou de “porco machista” – ofender John Lennon ofende a mim.
Somente agora, 25 anos depois, tive acesso à entrevista de Sean Lennon explicando o assassinato de seu pai, John, e culpo-me pelo atraso; devo ter vivido alheio ou fui mesmo preconceituoso em relação ao primogênito de meu ídolo-maior. Pesou-me a afirmação anterior de Sean sobre o pai, a quem chamou de “porco machista” – ofender John Lennon ofende a mim.
Mas, penitencio-me agora e entendo Sean, pois ele também só veio a entender o pai bem depois. Ao completar 25 anos do assassinato de John, descubro que Sean tem a vocação revolucionária e a visão crítica do pai; vejam o que Sean disse: “Mark Chapmam não era apenas um maluco que matou meu pai por motivos pessoais. Sua morte interessava aos Estados Unidos, porque ele era perigoso para o governo americano”.
De fato, só o muito ingênuo pode acreditar que o criminoso, Mark Chapmam, agiu por impulso tresloucado de um fã. Nem mesmo a mídia, que tratou da passagem dois 25 anos da morte, acredita na versão que divulga. Quem acompanhou a vida dos Beatles, quem viveu intensamente a sua história e chorou a sua dissolução, entende que John Lennon é muito mais do que músico; ele era o mito, o exemplo, o poeta que tinha o dom de musicar versos arrasadores.
A direita norte-americana e, por extensão, a reação internacional, preocuparam-se com os discursos pacifistas de John Lennon; suas músicas e as campanhas pela paz apressaram o final da guerra do Vietname e, se estivesse vivo, com certeza, John estaria hoje nas ruas cantando o final da guerra no Iraque.
O dia 8 de dezembro de 1980 é a data de uma morte preparada em laboratório; vamos recordar que, antes, tentaram expulsá-lo dos Estados Unidos; John Lennon vivia em Nova Iorque graças a uma decisão judicial. Daí, acreditar que Mark Chapmam agiu sozinho; acreditar na versão apresentada para o crime é exigir de todos o exercício da imbecilidade.
É possível que jamais se saberá a verdade; mas é impossível fazer-nos acreditar na versão oficial para o crime. De consolo, resta a certeza de que John Lennon é imortal; não vai morrer nunca.