As investigações da CPI dos Correios mostraram que mais R$ 9,7 milhões do Banco do Brasil foram desviados para o "valerioduto". O valor se soma aos outros R$ 10 milhões já identificados pela comissão que também foram desviados para o esquema montado por meio das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
O esquema de desvio do dinheiro obedece a mesma sistemática. A Visanet efetua um pagamento antecipado de R$ 23,3 milhões para a DNA em 19 de março de 2003. No dia seguinte, a empresa de Valério aplica R$ 9,7 milhões no Banco do Brasil. Depois, a DNA faz um empréstimo no mesmo valor – R$ 9,7 milhões.
Quatro dias depois do adiantamento, a SMPB, outra empresa de Valério, recebe repasse da conta do banco Rural, dinheiro que já seria proveniente do "valerioduto", e liquida o empréstimo da DNA no BB. Com isso, o dinheiro adiantado pelo BB sai limpo na ponta para a destinação que interessar ao empresário mineiro. De acordo com a CPI, para o "mensalão".
"Esse é um dado que surpreendeu a todos. É triste", afirmou o relator Osmar Serraglio (PMDB-PR). "Pelo menos R$ 20 milhões saíram da Visanet para o valerioduto", acrescentou.
Adiantamentos sem justificativas
A auditoria feita pelo Banco do Brasil nos adiantamentos feitos pela Visanet às empresas de Valério confirma a tese da CPI e admite irregularidades na gestão dos recursos. "O relatório de auditoria do Banco do Brasil aponta que os adiantamentos não foram justificados e não tiveram sua necessidade comprovada", informa o relatório.
Além disso, o BB admite que havia indefinição de competências para tratar dos gastos, que as antecipações eram feitas mediante descrição "genérica" de serviços, que a instituição fez os pagamentos sem se proteger de riscos de inadimplência e que não houve acompanhamento das liberações de recursos.
"Ante o descontrole da destinação dos recursos adiantados não há como afirmar que foram utilizados exclusivamente em ações da Visanet", afirmam os auditores do Banco do Brasil em documento remetido à CPI dos Correios.
O BB informa ainda não ter encontrado justificativa para R$ 2 milhões adiantados em 2003 e R$ 2,1 milhões antecipados às empresas de Valério em 2004. Por conta desse conjunto de irregularidades, o fundo Visanet foi extinto, de acordo com o Banco do Brasil, no dia 23 do mês passado.