A dica de língua portuguesa de hoje mostra uma construção em que o erro de concordância leva a uma interpretação diferente da pretendida.
“Ex-fumante, o governador mostrou os males que provocam a nicotina no corpo humano.”
O fragmento reproduzido acima, extraído de nota publicada na “Gazeta de Alagoas”, apresenta um erro de concordância verbal capaz de inverter o conteúdo da informação.
O verbo “provocar” está em concordância com o termo “males”, que o antecede, e não com o substantivo “nicotina”, sujeito da oração. O redator optou por fazer uma inversão sintática, o que é correto e apreciável. Confundiu-se, entretanto, na hora de fazer a concordância.
O resultado da confusão foi afirmar ao leitor que certos males “provocam a nicotina no corpo humano”. Na verdade, é a nicotina que provoca males no corpo humano. Se tivesse mantido os termos na chamada ordem direta (sujeito + verbo + complemento), o redator certamente não teria cometido o equívoco. Bastaria ter dito que o governador “mostrou os males que a nicotina provoca”.
O fato de interpretarmos corretamente a frase deve-se ao conhecimento que temos do assunto. A estrutura da frase leva a uma leitura diversa. Por esse motivo, é preciso estar atento: haverá situações em que o leitor não conseguirá, por si só, escolher a interpretação válida.
Veja, abaixo, o texto corrigido:
Ex-fumante, o governador mostrou os males que provoca a nicotina no corpo humano.