A dica de língua portuguesa de hoje trata da disposição dos termos na frase e do uso da vírgula antes do pronome relativo "que".
“Não posso permitir que se registre mais um exemplo de impunidade neste Estado”, disse, referindo-se diretamente à prefeita que, com amigos e assessores, acompanhava o pronunciamento da galeria da Casa.
O fragmento reproduzido acima, extraído do diário “O Jornal”, apresenta dois problemas gramaticais. A vírgula é obrigatória depois do termo “prefeita”, pois a oração encabeçada pelo pronome relativo “que” tem valor explicativo, não restritivo.
Para entender melhor essa questão, observe as seguintes frases: “Dirigiu-se à prefeita, que conversava com o governador” (com vírgula) e “Dirigiu-se à prefeita que conversava com o governador” (sem vírgula). Na primeira (que tem valor explicativo), faz-se referência a uma prefeita já citada anteriormente e, portanto, única no contexto; na segunda (que tem valor restritivo), faz-se referência a uma entre várias prefeitas (a pessoa dirigiu-se àquela que conversava com o governador, e não às outras prefeitas presentes).
No texto destacado, fazia-se referência à prefeita de Satuba, Cícera do Bar.
A segunda questão suscitada pelo texto diz respeito à ordem das palavras na frase. Para evitar a leitura ambígua, bastaria alterar a disposição dos termos. A expressão “da galeria da Casa” é o ponto de onde a prefeita acompanhava o pronunciamento. Deveria, portanto, ficar próxima ao verbo que modifica (“acompanhava da galeria da Casa”).
Perto da palavra “pronunciamento”, dá a entender, por absurdo que pareça, que é a galeria da Casa que faz o pronunciamento. Há, portanto, um defeito de estruturação sintática.
Veja, abaixo, a reformulação da passagem:
“Não posso permitir que se registre mais um exemplo de impunidade neste Estado”, disse, referindo-se diretamente à prefeita, que, com amigos e assessores, acompanhava da galeria da Casa o pronunciamento.