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Depois de 20 anos, Brasil conquista o bi da São Silvestre

Demorou 20 anos para que um brasileiro voltasse a ser bicampeão da Corrida de São Silvestre. Neste domingo, Marilson Gomes da Silva, campeão em 2003, repetiu o feito de José João da Silva, vencedor em 1980 e 1985, e garantiu seu segundo título da prova.

Jefferson Coppola/Folha Imagem

Marílson dos Santos ganhou o bi da São Silvestre com quase um minuto de vantagem

Demorou 20 anos para que um brasileiro voltasse a ser bicampeão da Corrida de São Silvestre. Neste domingo, Marilson Gomes da Silva, campeão em 2003, repetiu o feito de José João da Silva, vencedor em 1980 e 1985, e garantiu seu segundo título da prova.

A estratégia foi determinante para a vitória de Marilson. Presente no pelotão de frente desde o início, ele passou ditar o ritmo e abrir vantagem antes da subida da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio. Então, com facilidade, ele foi o primeiro a cruzar a linha final.

A vitória leva o Brasil ao empate com o Quênia em número de títulos desde que a prova passou a contar com atletas de outros países, em 1945. Desde então, os corredores de cada nação cruzaram a linha de chegada em nove oportunidades cada.

Antes de Marilson e José João da Silva, apenas Sebastião Monteiro, em 1945 e 1946, havia conquistado o bicampeonato da prova. João da Mata (1983), Ronaldo da Costa (1994), e Emerson Iser Bem (1997) completam a lista de brasileiros vencedores depois de 1945.

Marilson já havia chegado perto do título em 2002, quando foi vice-campeão, perdendo justamente para o queniano Robert Cheruiyot, que se tornou seu principal rival depois disso. O brasileiro foi o primeiro em 2003, quando bateu o também queniano Paul Tergat (pentacampeão em 1995, 1996, 1998, 1999 e 2000), mas ficou fora da prova no ano passado.

O vice em 2002 já colocou Marilson como um dos principais nomes do país em provas de pista e rua. Antes do título no ano seguinte, ele disputou os Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, na República Dominicana, conquistando a medalha de prata nos 10.000 m e o bronze nos 5.000 m.

A partir de 2004, ele passou a focar sua preparação para provas mais longas, vencendo a Maratona de Medellín (Colômbia) e ficando em sexto nas maratonas de Chicago (EUA) e Paris (França). No entanto, não conseguiu se classificar para a maratona nos Jogos Olímpicos de Atenas.

Neste ano, antes da consagração com o bi da São Silvestre, ele já havia somado uma série de conquistas, como os títulos em São Silveira (8.500 m), Fortaleza (Circuito Nacional, 5.000 m), Rio de Janeiro (Circuito Nacional, 10.000 m), São Paulo (Circuito Nacional, 10.000 m), Brasília (10.000 m), Santos (10.000 m) e do Troféu Cidade de São Paulo (10.000 m). Ainda foi 10º na maratona do Mundial de Helsinque (2h13min40) e bronze nos 5 mil metros no Troféu Brasil, em São Paulo.

A prova

Assim como na prova feminina, a masculina também começou com um ritmo forte. Um pelotão de 14 atletas liderava, entre eles os brasileiros Marilson Gomes da Silva, Rômulo Wagner e Franck Caldeira.

A partir do sétimo quilômetro, a disputa passou a ter Marilson e o queniano Robert Robert Cheruiyot como protagonistas. Os dois passaram a rivalizar diretamente até a metade do 10º km, quando o brasileiro passou a acelerar e abrir boa vantagem antes da subida da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio.

A estratégia foi fundamental para a vitória de Marilson. Ele passou então a liderar com ampla vantagem, e a distância para o queniano apenas aumentava, tanto que o brasileiro entrou na Avenida Paulista mais de 200 metros à frente que o africano.

Ovacionado pela torcida, ele já abriu os braços e passou a comemorar antes mesmo de cruzar a linha de chegada, com o tempo de 44min21. "A primeira vez que eu ganhei foi uma emoção única, e eu queria sentir novamente essa emoção. Eu daria de tudo para sentir esse emoção novamente, e foi o que eu fiz", festejou.

"Essa prova é muito difícil, com vários quenianos. Mas eu me preparei bem, decidi dar tudo ou nada nessa prova. A estratégia foi correr junto, ditar o ritmo e depois ir saindo na frente até o final", comemorou o bicampeão, que também agradeceu ao apoio dos torcedores. "Essa torcida é maravilhosa. Fico grato a ela e a todos que torceram por mim."

Cheruyot ficou com a segunda colocação, quase um minuto atrás do brasileiro, com 45min17. O queniano Patrick Ivuit terminou em terceiro, com 45min30, seguido de perto pelo brasileiro Rômulo Wagner da Silva, com 45min32. O etíope Ningusse Hetema completou o pódio da 81ª edição da São Silvestre.