O ano de 2005 foi o mais violento para imprensa nos últimos 10 anos com um total de 63 jornalistas mortos, cinco deles na América Latina (Brasil um), 1.308 agredidos ou ameaçados, 807 detidos e mais de mil veículos de comunicação censurados, segundo o relatório divulgado hopje pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
O ano de 2005 foi o mais violento para imprensa nos últimos 10 anos com um total de 63 jornalistas mortos, cinco deles na América Latina (Brasil um), 1.308 agredidos ou ameaçados, 807 detidos e mais de mil veículos de comunicação censurados, segundo o relatório divulgado hopje pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
A entidade, que tem sede em Paris, ressalta que no dia 1º de janeiro de 2006 havia 126 jornalistas e 70 ‘ciberdissidentes’ encarcerados no mundo. A organização destacou que desde 1995, quando morreram 64 jornalistas, não se registrava números tão preocupantes. Em 2004, por exemplo, houve 53 jornalistas mortos e 1.146 agredidos.
O Iraque continua sendo o local mais perigoso do mundo para o exercício da profissão de jornalista. No total, 24 profissionais da área e cinco colaboradores de meios de comunicação perderam a vida no país durante 2005.
Desde o começo da ofensiva americana em março de 2003, 76 jornalistas e colaboradores morreram no Iraque, ou seja, mais do que os óbitos registrados na guerra do Vietnã.
As Filipinas vêm em seguida, com sete jornalistas mortos em meio a grande impunidade. Na América Latina, dois jornalistas morreram no México, um no Brasil, um na Colômbia e um no Equador.
"O México se chocou com a morte de dois jornalistas este ano. Na origem dos assassinatos se encontram investigações sobre traficantes de drogas", assegura a RSF.
A RSF destaca ainda o caso do Líbano, onde uma série de atentados contra autoridades políticas e jornalistas sacudiu o país em 2005. Nestes atentados perderam a vida duas grandes figuras da imprensa local: Samir Kassir e Gebrane Tuéni.
A organização alerta também para o aumento da violência contra jornalistas na África em 2005. "Na República Democrática do Congo, em Serra Leoa e na Somália foram mortos inúmeros profissionais de imprensa. Todos os casos continuam impunes e os assassinos, muitas vezes conhecidos, não foram punidos", denuncia o relatório.
Além das mortes, as agressões contra jornalistas aumentam a cada dia no mundo. "No Peru, meia centena de jornalistas foi agredida por policiais, militares ou funcionários de serviços de segurança locais. A violência é maior nas províncias onde os jornalistas são acusados de interferir em assuntos alheios e os problemas são resolvidos com pancada", descreve a RSF.
A entidade recorda, por exemplo, que em Lima, em abril passado, o embaixador do Peru na Espanha, de visita ao seu país, atacou um jornalista da rádio CPN que desejava lhe entrevistar. O profissional sofreu uma lesão nos ligamentos do braço.
Em países com Bangladesh ou Nepal, as agressões são práticas diárias e o trabalho da Justiça quase inexistente. Nos períodos eleitorais, a violência contra jornalistas aumenta, como ficou claro no Egito e Azerbaijão este ano.
A RSF ressalta que as prisões do mundo também estão cheias de jornalistas. Na China, há 32 profissionais da área presos, em Cuba 24 e na Etiópia 17. "Cuba continua sendo a segunda prisão mundial para jornalistas desde a onda de repressão de 2003. Vinte dos 27 jornalistas detidos na época seguem cumprindo penas de 14 a 27 anos", lembra a organização.