O uso do substantivo viatura no lugar de carro e dos verbos apertar camuflando a ordem para torturar a vítima, e “campana” para dizer que está na espera, são gírias policiais faladas pelos assaltantes que aterrorizam os moradores da Santa Amélia – uma área de mansões à margem da pista que liga Bebedouro a Fernão Velho.
O uso do substantivo viatura no lugar de carro e dos verbos apertar camuflando a ordem para torturar a vítima, e “campana” para dizer que está na espera, são gírias policiais faladas pelos assaltantes que aterrorizam os moradores da Santa Amélia – uma área de mansões à margem da pista que liga Bebedouro a Fernão Velho.
Até agora, dez dessas mansões foram assaltadas; os ladrões levaram dinheiro, jóias e eletrodomésticos. Pelo menos em dois casos, as vítimas foram espancadas, como ocorreu com o empresário João Ferro e o filho e com a empresária Bebé Calheiros e o filho. João é primo do deputado estadual Cícero Ferro e a empresária é dona da “Natureza”, uma loja de plantas também localizada na área.
A empresária foi quem mais sofreu física e financeiramente; além de ter a casa invadida pelos assaltantes e de ter sido espancada, a sua loja foi arrombada três vezes em dez dias. Mas, o roubo da loja nada tem a ver com os assaltos; o ladrão, um menor, foi preso quando tentava roubar a loja pela terceira vez; já os assaltantes, agem impunemente.
As vítimas ouviram o mesmo diálogo entre os assaltantes; três deles penetram nas residências e um quarto fica do lado de fora monitorando de dentro do carro o que se passa do lado externo – este parece ser o chefe, pois dá as ordens para continuar com a tortura ou deixar a casa.
– E aí, o cara deu o serviço?
-Negativo.
– Porra! Aperta esse filho da p…
-Positivo
– Aperta esse filho da p… para ele dar o serviço. Fica mais. Tô na viatura.
Dar o serviço, no caso da empresária Bebé Calheiros, era entregar o dinheiro que estava no cofre; o filho dela reagia, tentando convencer os assaltantes a aceitarem R$ 1,2 mil que estava com ela e o filho, mas em vão.
Na Santa Amélia moram o governador Ronaldo Lessa e os ex-governadores Geraldo Bulhões e Moacir Andrade, além de empresários e executivos; a área é beneficiada pela reserva de Mata Atlântica que propicia o clima especial mesmo no verão e a paz – agora aparente – para os que optaram por morar longe do rush dos bairros da orla.
As suspeitas são de que os assaltantes estão baseados no Medeiros Neto, um conjunto popular próximo do acesso a Fernão Velho; as informações são de que os planos de assaltos são tramados ali, mas, até agora, a polícia não conseguiu prender ninguém.